Música: Dead Combo – O assobio
Laura está em frente ao placard de partidas do
aeroporto, tenta decidir para onde irá desta vez.
Acaba de aterrar e, mais uma vez, não encontrou o
que procurava.
Olha para a sua bagagem. A pequena mala está cada
vez mais gasta, pergunta-se quantas viagens mais aguentará.
Em cada nova viagem torna-se mais difícil de
fechar, o que a fará estar tão mais pesada agora? – pergunta-se Laura. Para
mais, parece-lhe cada vez mais pequena.
Talvez seja apenas o cansaço a falar.
Volta ao placard, as pequenas letras luminosas não
lhe indicam o destino. Já tentou a maioria deles.
Desvia por momentos os olhos do néon, talvez
precise mesmo descansar.
Encontra um banco livre e vai sentar-se por um
pouco.
Nota então, lá ao fundo, uma banquinha com
publicidade a destinos de viagem.
Decide ir ver, talvez lá encontre uma ideia de
destino.
Puxa pela sua mala; até as rodas parecem já estar
demasiado gastas, mas prometeu que a levaria sempre consigo, em cada viagem,
até encontrar o que procurava.
Tantos panfletos espalhados, nem sabia por onde
começar!
Foi pegando em alguns, destinos turísticos, cada um
com a sua finalidade, praia, museus…
Folheou-os, leu-os, a maioria eram destinos
conhecidos, os poucos que restavam não lhe pareciam prometedores.
Ia desistir da ideia dos panfletos, quando chegou
alguém, devia ser a responsável pela banquinha.
Pegou num panfleto e estendeu-lho. “É este que
procuras!”
Estranhando, Laura hesitou. “Toma”
Laura pegou-lhe, curiosa, percebendo que,
curiosamente, se sentia agora menos cansada.
Abriu o panfleto.
Lá dentro, apenas um espelho.
Foto: Kawika Singson |
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Este conto foi publicado originalmente aqui, no Blog Pense fora da caixa. Descubra também os meus textos neste espaço.
Muito bom. Obrigado. Muitas estamos perdidos e aquilo de que precisamos para nos reencontrarmos pode ser algo simples. Um espelho!
ResponderEliminar:) Não raras vezes a resposta está dentro de nós próprios! :)
EliminarObrigada pela visita e comentário, João Paulo! :)
Puxa! Bem legal! Lia o texto enquanto pensava que desfecho teria capaz de me surpreender... E surpreendeu demais. Coincidentemente, pensava sobre isso hj, depois de assistir a uma saga histórica: que as pessoas saem de casa procurando desafiar e sobreviver a morte; encontrando a si num espelho, tvz acabasse por desafiar a morte em seu estágio último, aquela que leva a quem a traz.
ResponderEliminarAlexandre, penso que faz parte do ser humano procurar respostas. Mas acredito que para as encontrar, não podemos esquecer de nos olhar a nós próprios!
EliminarUm abraço
Isa,
ResponderEliminarTinha dito noutros horizontes ter ficado sem sopro.. e repito-o hoje: o teu texto deixa-me sem palavras!
Entendia-se, ao longo das linhas, que não era em mais uma viagem que iria encontrar o que procurava, mas esse espelho oferecido foi o mais perfeito destino.
Adorei!
Beijinhos!
:) Muito obrigada, Dulce!
EliminarÉ sempre gratificante saber que algo que escrevi é recebido com tanto entusiasmo!
Beijinhos
Existem viagens e pessoas inesquecíveis.
ResponderEliminarTalvez como a musa que lhe inspirou este bonito texto.
E quando nos olhamos no espelho ele dá-nos todas as respostas, não é Isa?
Uma semana cheia de sorrisos e alegrias para si.
A Isa merece por nos presentear sempre com belas e doces palavras.
Caro leitor,
EliminarSim, acredito que o espelho nos dá pelo menos quase todas as respostas...! Obrigada pela visita e comentário! :)
Boa viagem
ResponderEliminarao espelho
Boa viagem para todos nós! :)
EliminarMinha querida
ResponderEliminarPor vezes o que procuramos está dentro de nós. Um conto maravilhoso.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
As vezes no afã da procura por respostas não nos damos conta que elas podem estar em nós mesmos.
ResponderEliminarMuito bonito o texto, Isa.Gostei muito.
Beijinho.
Belíssimo...
ResponderEliminarAbçs