Quem lê / Who's reading

"a escrita é a minha primeira morada de silêncio" |Al Berto

sábado, 28 de março de 2015

Casca de ovo

Foto da web, autor não identificado

Nascemos do ovo
Picámos a casca
Até sair
Ávidos do Mundo
Ávidos das possibilidades
Inexperientes
Tentámos voar
Caímos e voltámos a voar
Nova queda era certa
Mas ainda procurávamos
As tais possibilidades
O Mundo estava ali.

Como foi que acabámos
De novo
Dentro da casca?


Este poema foi originalmente publicado no:

sábado, 21 de março de 2015

Dúvida

- A dúvida às vezes impede-nos de nos transformamos em mulher-borboleta. -

Abraçada a mim própria
Enrroladinha em mim
Abro os olhos
O espaço é pequeno
A luz é ténue
Braços entorpecidos
Querem esticar-se
A medo
Arrisco
Toco a parede que envolve
Parece maleável
Empurro
Resisto, parece forte
Trago de novo o braço
Contra o corpo frágil que protege
Fecho os olhos
Não consigo adormecer
Os meus olhos não esquecem
A luz que parece vir
Daquele mundo lá fora
Pode ser ilusão
Mas Algo me diz que não é
Que é maior ainda
E se não for para mim?
Se não tiver olhos para a ver?
Enrrolo-me mais
Lentamente a luz esvai-se
Fica uma réstia apenas
Como que um brilho
Sinto frio
Sinto a cara molhada
Cansada
Adormeço.

Não sei quanto tempo
Mas de novo acordo
Sem pensar, espreguiço-me
As mãos e os pés
Tocam o invólcuro
De novo parece mexer-se
Continua escuro
Mas lembro-me da luz
Com as unhas tento vencê-lo
Puxo
Força
Rasgo um pedaço
Mais força
Abro um rasgão
E consigo espreitar
Como há mais luz
Que aquela que para aqui
Passava!

Quanto mais não fui?
Quanto mais posso ser?
Atrevo-me?


sexta-feira, 13 de março de 2015

Obrigada! (Dois pares de anos)


Ontem ainda
Brincava às palavras
Rumo nelas achei
Invento mundos instantâneos.
Gratidão a quem lê
Aqui deixo;
Dois pares de anos
Aniversário, celebro feliz!

Um enorme abraço a todos quantos por aqui vão passando e ficando. É por vocês que estes Instantâneos fazem sentido! :)

sábado, 7 de março de 2015

Redenção

Foto: Brooke Shaden Photography
De mãos lavadas
Pelas lágrimas redentoras
Passo os dedos pela pele
Solta-se a poeira
Que deixei instalar-se.
Vislumbro o branco
Sacudo o que falta
Rejuvenesci
Ou o coração bate agora
De acordo com a idade.
Por debaixo
O sangue parece correr
Pressiono
Sinto, pulsa.
A última lágrima cai
Leva o grão de poeira
Que ainda ali restava
O primeiro que se instalou
Com a primeira lágrima
De tristeza.


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