Quem lê / Who's reading

"a escrita é a minha primeira morada de silêncio" |Al Berto

sábado, 27 de junho de 2015

Entendimento

Foto: Autor não identificado 
Um dia
Algo se parte
Apenas porque já não pode ser
Ou porque frágil
Já era o metal.
Fica ali um coto partido
Desengraçado
Desengonçado
Dependurado.
Tentamos um enxerto
Mas o corpo rejeita-o
Procuramos aceitar
O que era, se foi, não é
Mas o que ser?
Talvez então
- Pensamos –
Esquecer?
Arrancamos então mais pele
Seca
Tentamos dissolver o passado
Num futuro que queremos
Ou julgamos.
Nada muda
O mesmo ar
O mesmo som
As mesmas mãos que escorregam.
E é no segundo
Em que não mais
Conseguimos respirar
Que vemos
Entendemos
Sabemos:
Nada pode mudar.
Apenas Eu!

sábado, 20 de junho de 2015

Barco

Foto: Google

Barco, navegas

Deixa o horizonte

Ancora em mim



Este haiku foi publicado originalmente no Beco de Ideias, blog que podem descobrir aqui.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Friendship

Arte: Sascalia


Smiles don't fit in my verses
I can't carry them on my own

I will keep them for you
Until poetry comes back

Tears don't fit in my poem
I can't hold them alone

My hand will stop them
When they're no longer necessary

My hands are empty
Thoughts run away like the wind

Grab this hand, as strong as you need
With the other I'll stop the storm

Words come out in silence
Echoing through the air

I hear your thoughts
I won't let them get lost in the wind

Finally, in an unbearable effort,
My eyes open and I see

Slowly my hand needs not to hold yours
But, still, I will never let go

Strength arises, at last,
Wings deploy their feathers

You've found the sky again
Land was just a place to rest

Verses fall in the paper
My poem is born in time

Another chapter is closed
But our friendship will always be


Escrita a duas mãos, Dulce Morais e Isa Lisboa

Poema publicado também no Crazy40 Blog, da Dulce

sábado, 13 de junho de 2015

A cicatriz marca o lugar

Foto: Vadim Stein

Do Amor
Só guardo cicatrizes
De cortes até à veia,
Algumas poucas.
Superficiais, outras.
Nem cheguei a sentir, não muito. Só uma picada,
Como se fossem anestesia
Para o que viria depois.
Cortes feitos sem pressa,
Estes que olho agora.
Quase com arte, diria.
Sei que foi Amor,
Porque senti a faca
A entranhar-se na pele,
E eu deixei.
Sei que foi Amor
Porque a minha carne
Logo se fechou;
Como se a lâmina
Tivesse também ela bálsamo.
E tinha.
Não era veneno,
Porque eu ainda estou viva,
E a ferida fechou.
A cicatriz marca o lugar.
Crava de novo o meu corpo,
Amor,
Ainda que me firas de novo,
A minha pele sara,
Com teu balsâmico veneno…



Poema originalmente publicado no Blog Tubo de Ensaio - Laboratório das Artes. Podem conhecer este espaço aqui.

sábado, 6 de junho de 2015

Formiga

Pobre formiga

Parada neste tempo

Procura asas


Isa Lisboa e Sandra Henriques


Foto: www.pixabay.com


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