Brian Cain, Wind
You took all my skin off. In
just a few seconds, all my veins were in sight, showing the blood, flowing in
it’s own rhythm towards the destination. And coming out again. Showing each
one’s pulse, the more anxious, jumping from time to time, the more calm,
enjoying the sight.
With
another movement, they came off too.
Only muscles, now.
Trying to hold together. All little fibres getting closer as if they were
trying to form a sweater.
At
last, I saw myself as only bones,
glued to each other, desperately, sadly,
keeping formation.
It was
winter. I started getting colder.
Got worse when I realized I was no longer inside. I was in the middle of the street. At rush hour.
Some
didn’t even noticed me. From the ones who saw me, only a few looked at me.
Those smiled. The others kept on going,
faster, faster.
It was
getting so much colder now. And I got mad. How
could you? Put me so undressed, in the middle
of the street, in winter? How could I left… How…
A
click. Bones touching.
People
started moving even faster now.
So did
my senses. I felt warmer.
So I
asked time and space to stop, so that I
could see them. And all the runners.
I saw
the bandages some had on the skin,
holding it together.
I had
to peek, see if they were made of bone,
just like me. They were.
They
must have been on that spot once, too. Naked
on the street. But they had bruises from the cold. They seemed to have
dressed the skin back in a hurry. If the zipper got stuck, they’ve used glue.
Some
made it harder on me. They had too much makeup. Through a slight breach, I saw
them moving like pretty dolls, with perfect hair, tied in perfect little pig tails, having an imaginary cup of tea.
They
looked at me, too. They politely
said I should get dressed.
No, not yet.
I want
to know what it’s like to kiss if you have no lips, and to touch if you have no
skin. And I want to look at you, now
that we are both free.
Writen 18.Nov.2005
***
Arrancaste-me a pele. Em apenas alguns segundos, todas as minhas veias estavam
à vista, mostrando o sangue a fluir ao seu ritmo rumo ao seu destino. E saindo
de novo. Mostrando o pulsar de cada uma, as mais ansiosas, saltando de tempos a
tempos, as mais calmas, apreciando a vista.
Noutro movimento, também elas foram
arrancadas.
Apenas músculos, agora. Tentando manter-se juntos. Todas as pequenas fibras
juntando-se, como se estivessem a tentar
formar uma camisola.
Finalmente, vi-me como apenas ossos, colados uns aos outros, desesperadamente, tristemente, mantendo a
formação.
Era inverno. Comecei a ficar com mais frio. Piorou quando percebi que
já não estava em casa. Estava no meio da rua. Na hora de ponta.
Algumas pessoas nem sequer repararam
em mim. Dos que me viram, apenas alguns olharam para mim. Esses sorriram. Os
outros continuaram, mais rápido, mais
rápido.
Estava a ficar mais frio agora. E
então fiquei furiosa. Como pudeste? Deixar-me
assim tão nua, no meio da rua, no inverno? Como pude eu deixar…Como…
Click. Ossos a tocarem-se.
As pessoas começam a mover-se mais rápido agora.
Também os meus sentidos. Senti-me
mais quente.
E então pedi ao tempo e ao espaço para pararem, para que eu os pudesse ver. E
a todos os corredores.
Vi as ligaduras que alguns tinham na pele, segurando-a.
Tive que espreitar, ver se eram
feitos de osso, assim como eu. Eram.
Devem ter estado naquele lugar, um
dia, também. Nus na rua. Mas tinham
feridas do frio. Parecia terem vestido a pele à pressa. Quando o fecho
emperrou, usaram cola.
Alguns dificultaram-me a vida. Tinham
demasiada maquilhagem. Por uma pequena brecha, vi-os a moverem-se qual pequenas bonecas, com cabelo perfeito, atado em totós perfeitos, tomando uma chávena de chá imaginária.
Também eles olhavam para mim. Educadamente, disseram-me que devia
vestir-me.
Não, ainda não.
Quero saber como é beijar, quando não
tens lábios, e tocar quando não tens pele. E
olhar-te, agora que somos ambos livres.
Retirado do baú, 18.Nov.2005
Minha mãe do céu, menina! Arrepiei, que texto mais lindo e ainda tirado do baú, onde existe desde 2005?! Estou perplexa, lindo! lindo! lindo! Bjs
ResponderEliminarnua
ResponderEliminare linda!
parabéns, adorei!
beijo!
pele, osso e alma
ResponderEliminarum abraço
Como eu adoro esses textos retirados do baú a nos deixar nuas, a exibir cenários de ontem quando nos precipitavamos para superficie outra. Respirei fundo agora, pele, osso e alma.
ResponderEliminarbacio carissima
boa semana pra ti
Já andei nu na rua, mas em pesadelos...
ResponderEliminarGostei do texto, é brilhante.
Isa, minha querida amiga, tem uma boa semana.
Beijo.
Despida de amor!
ResponderEliminarBelíssimo texto.
Beijinhos.
forte!
ResponderEliminaro despir as "roupagens" fica na pele e osso e com as cartilagens expostas nem sempre são a libertação.
um texto muito rico e de alto poder interpretativo.
um beijo
:)
Belíssimo texto...
ResponderEliminarBjos
Muito interessante, teu texto
ResponderEliminarRemete-me para o abadando
Sim, algumas pessoas deixam-nos assim mais do que só pele e ossos
Nada, só dor…
Apenas vão embora, nem olham…
Esta foi a minha interpretação, óbvio!
Pode nada ter a ver…
Gostei muito.
Beijinhos
Isa,
ResponderEliminarSó tenho uma semi palavra: "uau!"
o baú contém tesouros e, mesmo sem pele, mesmo nua e frágil, há ainda vida!
Excelente!
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