Quem lê / Who's reading

"a escrita é a minha primeira morada de silêncio" |Al Berto

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

When was it...? / Quando foi...?

When was it the last time you were happy?

Was it when you saw your name in the office wall?

Was it that weekend off, with a backpack full of nothing on your shoulders?

Was it when you bought a new and faster car?

Was it when you bought the new CD by your favourite singer?

Was it when your bought that first class plane ticket?

Was it when you drove for a few days away from everything?

Was it when you bought the winning ticket?

Was it when a child smilled at you? When an old man told you life was worth it?

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Quando foste feliz pela última vez?

Foi quando viste o teu nome na parede do escritório?

Foi naquele fim de semana fora, com uma mochila cheia de nada às costas?

Foi quando compraste um carro novo e mais rápido?

Foi quando compraste o novo CD do teu cantor favorito?

Foi quando compraste aquele bilhete de avião em primeira classe?

Foi quando partiste de carro, por uns dias, conduzindo para longe de tudo?

Foi quando compraste o bilhete premiado?

Foi quando uma criança sorriu para ti? Quando um homem mais velho te disse que a vida vale a pena?

sábado, 15 de outubro de 2011

Escondido na lua / Hidden on the moon

Nunca mais te vi. Disseram-me que fugiste. Que deixaste tudo, excepto uma pista de porquê e para onde.
Mas aposto que sei. Escondeste-te na lua. À noite procuro-te, imagino-te a olhar as formiguinhas, no seu passinho apressado, obreiras, a cumprir o seu papel na ordem do formigueiro.
Nunca consegui ver-te, queria pelo menos falar-te, telefonar-te, escrever-te, perguntar-te se já és livre, porque foste sem mim, porque não me deixaste um mapa...
Estás a olhar para mim agora, não estás?
E ris-te, das minhas tentativas de cortar na saída errada, de me esquecer das minhas deixas, de me esquecer de quem sou...

Retirado do baú, escrito em 14.10.2006

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I never saw you again. They told me you ran away. That you left everything, except a clue about why and where to.
But I bet I know. You've hidden in the moon. At night I look for you, I can picture you looking at the little ants, in their rushy little steps, workers, fulfilling their role in ther order of the anthill.
I could never see you, I wanted at least talk to you, call you, writte, ask if you are free already, why did you leave without me, why didn't you leave me a map...
You're looking at me right now, aren't you?
And you laugh, at my attempts to exit the wrong way, to forget my lines, to forget who I am...

Written in 14.10.2006

domingo, 9 de outubro de 2011

Seguindo um coelho branco / Following a white rabbit

Arrancaste tudo dos armários e esvaziaste as gavetas no chão do teu quarto.
Sentaste-te no meio e olhaste à tua volta a saber quantas recordações tinhas.
Viste umas calças rasgadas nos joelhos e enquanto lhe pegavas com os teus olhos sonhadores eu fui percorrendo as cartas espalhadas, os papéis soltos, tentando encontrar um vestígio no meio da barafunda. Parecia que nada tinha restado, que não tinha passado, então como posso ter presente, que já não ambiciono futuro?
Comecei a sentir uma dor fina a romper-me os ossos, quando vi um molhe de fotografias, deviam ser de quando eras feliz, estavam dobradas nas pontas, de tanto as veres. E bem por baixo, o livro que eu te dei, naquele aniversário.
Estavas a contar-me que um dia viste um coelho branco que te parecia estar atrasado, e por isso foste atrás dele, talvez ele te mostrasse a entrada do túnel. Querias tanto ver a Rainha de Espadas que nem reparaste que ele não tinha relógio. E foi a seguir um coelho atrasado que não sabe que horas são, que tropeçaste e rasgaste as calças. Por isso as guardaste, como guardas todos os teus sonhos. 
Fui seguindo o percurso das tuas mãos a ver onde me irias pôr e quando viste o livro, abriste-o e perguntaste-me, lembras-te?
Acenei. E disto, lembras-te? Na página dois, uma flor seca, aquela que tu me deste e eu não quis.
Dá-me-a outra vez, nem que seja só hoje, eu faço de conta que não sei quando acaba o dia.
Dou, se me inventares um final diferente para o livro. Sempre to pedi, lembras-te? Sempre soube que sabias qual era o outro final. Eu ria-me, dizia-te que só o autor sabe qual é o final e que os outros finais ficaram órfãos  Mas agora não, já descobri qual é o outro final. Posso sentar.me ao pé de ti? Vou ler-to. Eu sei que também vais gostar.

Retirado do baú, escrito em 19.Janeiro.2006

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You took everything out of the closets and emptyed all the drawers in your bedroom floor.
You sat in the middle and looked around you, understanding how many memories you had.
You saw some old jeans ripped off in the knees and while you hold them with your dreamy eyes, I went through the spreaded letters, the loose papers, trying to find a trace in the middle of the mess. It seemed that nothing was left, that I had no past, so how can I have a present, me who doesn't long for a future any more?
I began feeling a small pain piercing through my bones, when I saw a pile of photos, they must be of when you where happy, they were folded in the corners, so many times you looked at them. And rigth underneath, the book I gave you in that aniversary.
You were telling me about the day you saw a white rabbit who seemed to be late, and so you went after him, maybe he would show you the entrance to the tunnel. You so wanted to see the Queen os Swords that you didn't even noticed he had no watch. And it was then, following a late rabbit that doesn't know the time, that you've ripped off your jeans. That's why you've kept them, the same way you keep all your dreams.
I continued following your hands, seeing where you would put me and when you saw the book, you've opened it e asked me, do you remember?
I nodded. And this, do you remember? In page two, a dry flower, the one you gave me and I didn't want.
Give it to me again, just for today if you want to, I'll pretend I don't know when the day ends.
I will, if you invent me a different ending for the book. I've allways asked that to you, remember? I've always known you knew the other end. I would laugh, I used to tell you only the author knows the end and all the other ends were orphans. But not know, I've figured out the other end. Can I seat, here next to you? I will read it to you. I'm sure you'll like it.

Writen  in 19.Janeiro.2006

sábado, 1 de outubro de 2011

Cresci... / I've grown up..

Cresci até ao tamanho da minha cama de menina. Posso dobrar-me sobre mim mesma, mas o espaço à minha volta não muda. O candeeiro que me contava histórias antes de dormir já se transformou em cacos, foi substituído por outro que não chama a imaginação.

Olho à volta e já não consigo encontrar espaço para os beliches de antes. Os meus peluches não cresceram, mas já não têm frio à noite.

A minha cama ainda está lá, à justa.

Retirado do baú, 28.Agosto.2008

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I've grown up to the size of my childhood's bed. I can bend over myself, but the space around me doesn't change. The lamp which used to tell me stories before I fell asleep has turned into small bits of glass, replaced by one that does not call imagination. 

I look around and I can't find the space for the bunks that were there. My teddys haven't grown up, but they are not cold at night anymore.

My bed is still there, barely.

Writen in 28.Agosto.2008
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