Quem lê / Who's reading

"a escrita é a minha primeira morada de silêncio" |Al Berto

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Um sonho de Natal / A Christmas dream

Foto: Isa Lisboa


A última reunião da agenda estava encerrada, tudo havia corrido como Alexandre havia planeado, a promoção que tanto merecia parecia-lhe estar agora mais próxima.  
Relia o último e-mail do dia. "Send".
Arrumou as pastas no sítio certo, na segunda feira voltaria a abri-las.  
Há poucos minutos, Inês ligara-lhe, avisando que o esperava em casa mais cedo, este ano toda a família estaria presente na Ceia de Natal. Todos...excepto Diogo...
Já estava tudo organizado para a Noite de Natal, o melhor catering estava assegurado e todas as prendas já lhe haviam sido entregues e arrumadas na bagageira do seu Audi. Isabel tinha sido inestimável, como sempre. A Inês adorava-a, com a sua ajuda consegue sempre organizar a ceia perfeita em cada ano. E também fica sempre encantada com os presentes que ela escolhe. Este ano encomendou um quadro, de um daqueles artistas emergentes. Espero que goste, pergunto-me porque quer embelezar a parede, quando costuma preferir adornos para si... Edmundo Bram... Algo no nome desse artista lhe parecia estranhamente familiar, mas porque seria? O telefone tocou de novo.
 "Sim, querida, estou a sair do escritório, não te preocupes, chegarei a tempo." ... "Eu também, um beijo".
Alexandre dirigiu-se ao seu carro e sentiu-se a relaxar quando se sentou nos seus bancos de pele e se preparou para rodar a chave na ignição. A viagem até casa foi um prazer, como ele adorava conduzir!
Chegou a casa ainda a tempo de vestir algo mais confortável.
Ouvia já os convidados a chegar, a tia Matilde já inundava a sala com os seus reparos à roupa de Inês. Quando começámos a namorar, a tia Matilde olhava para mim com ar desconfiado, dizia-me que parecia não ir a lado nenhum.... Bom, depois desse fraco vaticínio, Inês já não devia preocupar-se com a sua opinião... Espero que a Lurdes chegue depressa, é a única que consegue acalmar um pouco os ânimos da irmã.
São o verso e o reverso de uma mesma medalha, um pouco como eram Alexandre e o seu irmão.
“Não”, pensou logo Alexandre, porque era a segunda vez que a recordação de Diogo o assaltava.
O seu irmão não estava ali, tal como não estava quando Alexandre conseguiu o estágio na consultora, no dia em que conseguiu reunir coragem para se declarar a Inês, no dia em que casaram. E não estaria cá daqui a 7 meses, não iria conhecer o sobrinho.
Ainda ninguém sabia, finalmente esperavam um filho!
Os seus pensamentos foram interrompidos pela voz da sua mãe, que o chamava. Estava na hora de descer.
A irmã e os seus sobrinhos gémeos também já haviam chegado. As crianças tinham uma alegria contagiante, à qual Alexandre nunca conseguia resistir. Talvez ele e Inês também pudessem ter gémeos, pensando na tendência genética da família.
A noite decorreu, todos estavam felizes. Quando já tinham voltado para casa, Alexandre sentou-se por um pouco. Apagou as luzes da casa e dirigiu-se ao quarto. Inês já dormia, Alexandre escorregou por entre os lençóis e olhou para Inês. Como continuava linda. Mudou o look ao longo dos anos, mas aquela curvinha no queixo, continua lá… Ficou um pouco a ouvir a sua respiração leve e adormeceu também.
Acordou cedo e sentiu vontade de ir até ao jardim. Vestiu um casaco e foi até lá, a pé. Dirigiu-se ao banco que procurava e sentou-se a olhar para a água da fonte, que se renova, sendo sempre a mesma… Sentiu um pequeno barulho e um jovem aproximou-se de si e sentou-se. Alexandre sentiu que estava a ficar louco, aquele rapaz parecia Diogo!
“Não estás louco, sou eu, o Diogo!” “Não pode ser, tu foste embora!” “Mas voltei” “Não, não podes ser tu, estás na mesma, não envelheceste, como eu!” “O Peter Pan também não envelheceu quando fugiu para a Terra do Nunca” “Porque dizes sempre esses disparates? Não és o Peter Pan, não eras uma criança quando partiste! Não foram fadas que te levaram, foram os teus próprios pés!” “Não, mas fugi porque não queria crescer, não da mesma forma que tu querias! Fui em busca do meu caminho, precisava descobrir-me” “E encontraste-te?” “Encontrei-me, mas vejo que tu estás a perder-te” “O que queres dizer com isso? Estou óptimo!” “Sim, sei tudo isso, sei que conseguiste tudo o que sonhaste, a tua carreira está em ascensão, casaste com a Inês, mostraste à família dela que estavam enganados a teu respeito.” “Sim, sabes que casámos?” “Sei sim… Ontem à noite pensavas que ela está cada vez mais bonita… Ficaste surpreendido com esse pensamento, não foi? Há quanto tempo não olhas para ela, apenas olhar, ver os movimentos dela, ouvi-la falar, como gostavas de fazer quando estávamos no liceu. Lembras-te que ela gostava de ler poesia? Que lhe compravas livros que não tinhas coragem de lhe oferecer? E agora? Quando foi a última vez que saíste do teu escritório para lhe comprar um livro? E tu, quando foi a última vez que foste ao teatro, adoravas ir ver os clássicos…? O teu filho vai nascer, ainda te lembras como andar de bicicleta, como jogar à bola, correr pelo jardim quando chove? Lembra-te, se não lhe ensinares tudo isso, com quem vai ele aprender? Terás que o trazer a este jardim, e sentares-te com ele neste banco, e falares-lhe de ti, de quando te sentavas aqui com o teu irmão gémeo, a fazer planos para o futuro. Lembras-te de tudo o que querias ser?”
Alexandre acordou de repente, o sonho perturbou-o. Levantou-se e foi até à garagem, procurou nas caixas que estavam no canto e encontrou… Ainda estavam em bom estado. Dirigiu-se à sala e estava lá Inês a pendurar o quadro. “Quero dar-te o teu presente, o teu presente a sério. Já têm dez anos, mas são teus, comprei-os um a um para ti, mas guardava-os sempre, com medo de te os oferecer, com medo de que o presente fosse pequeno para ti.” Inês leu os títulos um a um, folheou os livros calmamente e sorriu. “Adoro! Adoro-te” “Lês para mim?” “Claro”. Alexandre sentou-se. Olhou para o quadro pendurado na parede, muito bom, realmente. Edmundo Bram... De repente, lembrou-se! Era o nome com que Diogo assinava os seus esboços… Será que Diogo regressou mesmo da Terra do Nunca? Talvez sim, mas hoje era Alexandre que não iria permitir-se crescer. Inês continuava com a sua curvinha no queixo, a sua voz era melodiosa e linda como sempre. E esperava o seu filho. E Alexandre esqueceu-se das pastas que deixou no escritório. Logo à noite iria ver quais as peças de teatro que iriam estrear. E amanhã iria comprar uma bola de futebol.

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The last meeting was over, everything had gone as Alexandre had planned, that deserved promotion seemed to be closer now.
He reread the last email of the day. "Send".
He arranged the folders in the right place; he would open them again on Monday.
A few minutes ago, Inês had phoned him, telling that she waited him at home earlier. This year the whole family would be there at Christmas dinner. All, except for... Diogo ...
Everything was organized for Christmas Eve, the best catering was assured, and all the gifts had already been delivered and stowed in the trunk of his Audi. Isabel had been invaluable, as always. Ines loved her, with her help she was able to arrange the perfect dinner each year. And she  was always delighted with the gifts she choosed. This year she commissioned a painting from one of those emerging artists. I hope she enjoys it, I wonder why she wants something for the wall, when usually she prefers presents for herself... Edmundo Bram ... Something in the name of the artist seemed strangely familiar, but why would it be? The phone rang again. "Yes, darling, I'm going out now, don’t worry, I will arrive on time." ... "Me too, kiss."
Alexandre went to his car and relaxed when he sat in his leather seats and prepared to turn on the key. The drive home was a pleasure, he really loved to drive!
He arrived home in time to slip into something more comfortable.
He could hear the guests coming; Aunt Matilde had flooded the room with her repairs on Inês’s clothing. “When we started dating, Aunt Matilde looked at me suspiciously, told me I did not seem to go anywhere .... Well, after this poor prediction, Inês should no longer worry about her opinion ... I hope Lurdes comes soon, she is the only one who can calm her sister.” They are the verse and reverse of the same coin, a bit like Alexandre and his brother were.
"No," thought Alexandre, because it was the second time the memory of Diogo assailed him.
His brother was not there, as he was not there when Alexandre started the stage at the consultant, or the day he could muster courage to declare to Inês, the day they got married. He wouldn’t be here seven months from now, wouldn’t meet his nephew.
Although no one knew, finally they were expecting a child!
His thoughts were interrupted by the voice of his mother, who called him. It was time to go down.
His sister and his twin nephews had also arrived. The children had a contagious joy, to which Alexandre could never resist. Maybe he and Inês could also have twins, thinking about the genetic tendency of the family.
The night went trough, everyone was happy. When all had returned home, Alexandre sat for a while. He turned off the lights in the house and went to the room. Inês was asleep, Alexandre slipped through the sheets and looked at her. She looked wonderfully. She changed her looks over the years, but that little curve in her chin, still there ... He stayed for a bit listening to her breathing, and he fell asleep as well.
Woke up early and felt like going into the garden. He putted on a coat and got there on foot. Went to the bench he was looking for and sat looking at the water source, that water is renewed, and yet is always the same ... He heard a small noise and a young man approached him and sat down. Alexandre felt that he was going mad, that guy looked like Diogo!
"You're not crazy, it ‘s me, Diogo" "Can’t be, you went away!" "But I came back" "No, it can’t be you, you haven’t aged, like me!" "Peter Pan hasn’t aged either, when he fled to Neverland "" Why do you always say such nonsense? You’re not Peter Pan, you weren’t a child when you left!  No fairies took you, you left by your own feet! "" No, but I ran away because I didn’t wanted to grow up, not the way you wanted! I went out searching for my way, I needed to find myself " " And did you? " " I found myself, but I see that you're losing yourself " " What do you mean? I'm great! " " Yes, I know, I know you got everything you dreamed of, your career is on the rise, you’ve married Inês, you showed her family that they were wrong about you. " " Yes, you know I got married? "" I know, but ... Last night you thought she is more beautiful than ever ... You were surprised with that thought, right? How long have you not looked at her, just look, see her movements, and hear her speak, as you liked to do when we were in high school. Remember that she liked to read poetry? When you bought her books and you didn’t have the courage to offer them to her? Now what? When was the last time you left your office to buy her a book? And you, when was it the last time you went to the theatre, you used to love going to see a classic ...? Your child will be born, do you still remember how to ride a bike, how to play soccer, run around in the garden when it rains? Think about it, if you don’t teach him all this, whom will he learn it from? You’ll have to bring him to this garden, and sit with him in this bench, tell him about yourself, about when you sat here with your twin brother, making plans for the future. Do you remember everything you wanted to be? "
Alexandre woke up suddenly, the dream troubled him. He got up and went to the garage, looked in the boxes that were in the corner and found it ... They were still in good conditions. He went to the room, and Inês was there hanging the painting. "I have a gift for you, your real gift. They’re already ten years old, but they’re yours, I bought them one by one for you. But I always kept them, I was afraid of offering them to you, fearing that this would be small for you.” Inês read the titles one by one , flipped through the books quietly and smiled. "I love it! I love you " " Will you read to me? " " Sure. " Alexandre sat down. He looked at the painting hanging on the wall, very good, actually. Edmundo Bram ... Suddenly, he remembered! It was the name that Diogo signed his sketches with... Had Diogo really returned from Neverland? Maybe so, but today Alexandre was the one who wouldn’t allow himself to grow up. That little curve in Inês’s chin was still there, her voice was beautiful as ever. And she was waiting for his child. Alexandre forgot the folders he left in the office. Tonight he would check on the new plays coming up. And tomorrow he would buy a soccer ball.



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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Já alguém viu? / Has anyone seen?

Por vezes pergunto-me.

Já alguém viu? Alguém sequer olhou para o que flutua à superfície, então como ver o que está escondido, mas a descoberto de quem quer espreitar.
Já alguém sentiu? Já percorreu a pele, procurando a pulsação, o frenesim do que corre nas veias, a força que segura os ossos, toda a coragem e todo o medo que percorre os nervos.
Já alguém escutou, conhece o timbre da voz, sabe o que ela diz, compreende o que fica por dizer, quando as palavras são desnecessárias.

Alguém quer ouvir as palavras que são necessárias?


Retirado do baú, escrito em Outubro de 2005


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Sometimes I wonder.

Has anyone seen? Has anyone at least looked at what's on the surface, then how to see what's hidden, but ready to be encovered by whom want's to peek.
Has anyone felt? Has anyone gone though the skin, searching for the pulse, the rush that runs in the veins, the strenght that olds bones together, all the courage and all the fear that goes through the nerves.
Has anyone listened, knows the sound of the voice, knows what it says, understands what's left unsaid, when words are unnecessary.

Does anyone what to listen to the words that are necessary?


Writen in October 2005

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A estrada está vazia / The road is empty

Sigo pela estrada, está vazia, sem trânsito, posso seguir tranquilamente, concentrar-me apenas em avançar as mudanças, concentrar-me na estrada. Acelero, sinto o vento a passar por mim. Não acelero por pressa de chegar, até porque ainda não sei para onde vou. Apenas quero andar depressa, ter a sensação de liberdade que me dá. A sensação de que o meu corpo se desprende.

Ao longo da estrada as placas sucedem-se, sugerem-me destinos, mas não quero decidir já. Ainda não é altura. 

Conduzir sem destino é por vezes necessário, para que possamos encontrar o caminho que procuramos.


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I'm on the road, it's empty, no traffic, I can move peacefully, focus only in changing the gears, focus on the road. I hit the acellarator, I feel the wind going trough me. I'm not acellarating because I'm in a hurry, I don't even know where I'm going. I just want to drive fast, feel the freedmom it brings. The feeling that my body is loose.

Through the road, the plaques follow each other, suggesting destinations, but I don't want to decide yet. It's still not  the time.

Drive without a destination is necessary sometimes, so that we can find the path we're looking for.

Plasticina / Plasticine

Plasticina. Sinto-te como plasticina entre os meus dedos: pego no laranja e no verde e faço uma nuvem impossível, pego no arco-íris e faço uma lua cheia.
Tentas fazer também as tuas moldagens, mas não percebes que sou feita de borracha, só consegues esticar-me até um certo ponto, e só consegues mudar-me a forma se me gastares.
Um dia vais percebê-lo ou eu vou desistir de esperar que detenhas a minha mão, e sejas tu a escolher a cor e a forma.

Retirado do baú, escrito em Março de 2006

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Plasticine. I feel like you're plasticine between my fingers: I grab the orange and the green and I build an impossible cloud, I get the rainbow and make a full moon.
You try to make your own molds, but you cannot understand I am made of rubber, you can only strech me up to a certain point, and you can only change my shape if you consume me.
One day you will understand this, or I will give up on waiting that you stop my hand, and that you are the one to pick the colour and shape.

Written in March 2006

sábado, 3 de dezembro de 2011

Essa não sou eu / That's not me

Essa não sou eu, ainda tentei dizer. Não a tempo de se produzirem à minha frente as provas de que sou.

O meu bilhete de identidade, com o meu nome impresso, as letras todas no lugar certo, a data de nascimento, a morada onde terei que ser feliz. A minha foto colada. Com cores vívidas. Como as das recentes fotos dos meus aniversários, rodeada de vozes que nunca ouvi. Fotos enlaçadas por mãos que nunca tocaram a minha pele, lábios que nunca beijei.

À minha volta, as paredes foram vestidas com quadros a preto e branco, com uma assinatura dourada. 


Está a tocar uma música que não me lembro de ter aprendido a dançar.


Dizem-me que tenho que mudar de roupa. Para a festa. Que está quase a começar. Sobre a cama já me espera um vestido. Assenta como uma luva. Um pouco de batôn, para alargar o sorriso.


Retirado do baú, escrito em Março de 2006


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That's not me, I tried to say. Not in time to stop the evidences produced in front of me. 


My ID card, with my name printed in it, all the words in the right place, the adress where I will have to be happy. My photo printed in it. With bright colours. Like those of the recent photos of my birthdays, surrounded by voices I've never heard. Photos with hands around mine, hands that never touched my skin, lips I've never kissed.


Around me, the walls have been dressed with black and white paintings, with a golden signature. 


There's music playing, I don't remember having learned to dance it.

They say I need to change my clothes. For the party. Which is about to begin. Over the bed, there's a dress waiting. It fits like a glove. Some lipstick, to widen the smile.


Wrtiten in March 2006


Photo by Guy Bourdin

O que...? / What...?

O que precisas? Pergunta o marido à sua esposa? O que posso fazer? Pergunta uma mãe à sua filha. Queres que fale ou que oiça? Pergunta um amigo. 


Muitas vezes, a resposta é simples, de tão complicada. Ou complicada, de tão simples. Por vezes só é preciso estar, fazer nada, ouvir quando o silêncio abunda e falar quando a voz de quem nos ouve está cansada.


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What do you need? A husband asks his wife. What can I do? A mother asks her daughter. Do you want me to speak or to listen? A friend asks.


Most of the times, the answer is simple, for being so complicated. Or complicated, due to being so simple. Sometimes, all it takes is to be there, do nothing, to listen when the silence screams e to speak when the voice of who listens is tired.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Journeys / Viagens

I see the clouds beside me, they look like small floating icebergs. When I look down, there they are the small playmobil houses. But still the clouds seem to trick me, it still looks like I'm on a boat, moving on flat waves.

I seat back and I remember the journey, as I am about to land. It was a good trip, confortable, awackning, lots of good pictures, printed in vivid and bright colours in my mind. I'm about to land, and I'm sure I've not been in the wrong path, it's only time to stop and follow a different road now. 

Any journey will always take me home, home is were I'm happy, for one day, one year, one decade, it doesn't matter. Sometimes time doesn't matter, we need to forget it, let the world go round without us for a while. It will still keep moving. And it will allways allow us to jump in again.

I'm about to land, people will be coming and people will be leaving, each to different destinations... Some rushing, some just enjoying the antecipation of another city... Not sure which will be my next flight. I will know, when it's time to get my backpack again. 

I seat back and I remember the journey. I smile. Home is were I was happy. Home is were I am now. Tomorrow? Not really thinking about it... 

---- To everyone were my Home is ----

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Vejo as nuvens à minha volta, parecem pequenos icebergs a flutuar. Quando olho para baixo, vejo as pequenas casas playmobil. Mas ainda assim, as nuvens parecem pregar-me partidas, continua a parecer que estou num barco, flutuando em ondas calmas.

Encosto-me e relembro a viagem, estou quase a aterrar. Foi uma viagem boa, confortável, despertadora, cheia de boas imagens, impressas na minha mente em cores vívidas e luminosas. Estou quase a aterrar, e sei que não segui um destino errado, é apenas altura de parar e seguir uma estrada diferente.

Qualquer viagem que faça levar-me-á sempre a casa, a minha casa é onde sou feliz, por um dia, por um ano, por uma década, não interessa. Por vezes o tempo não interessa, precisamos esquecê-lo, deixar o mundo rodar sem nós por um pouco. Continuará a rodar. E sempre nos deixará voltar a saltar a meio. 

Estou quase a aterrar. Estarão pessoas a chegar, pessoas a partir, cada uma para o seu destino. Algumas com pressa, outras apreciando a antecipação de chegar a uma nova cidade... Não tenho a certeza de qual será o meu próximo voo. Saberei, quando for altura de pegar de novo na minha mochila.

Encosto-me e relembro a viagem. Sorrio. A minha casa é onde fui feliz. A minha casa é onde estou agora. Amanhã? Na verdade, não estou a pensar nisso...

---- Para todos aqueles que são a minha Casa ----

sábado, 26 de novembro de 2011

Write your own story / Escreve a tua história

Write your own story. Take the lead. Grab the pen and start wrinting. It may be a drama, it may be a comedy, it may be just an ordinary story, as long as it is your story.

Picture a blank canvas and start filling it with colour, throw a bucket of paint in it, if you fell like it. If you regret it, just let dry and repaint it with different colours. Draw a thick line, with the path you want to follow, change it if you feel you're going the wrong way. But if it feels rigth, keep redraw it if it starts fadding away, used by time, surpassed by a 24 hours clock.

Choose your song, close your eyes and dance to it... Don't mind if you can't dance at first, you will find the rhythm, your rhythm!

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Escreve a tua própria história. Toma a liderança. Pega na caneta e começa a escrever. Pode ser um drama, uma comédia, ou apenas uma história comum, desde que seja a tua história.

Imagina uma tela em branco e começa a enchê-la de cor, atira-lhe um balde de tinta, se te apetecer. Se te arrependeres, simplesmente deixa-a secar e volta a pintá-la com cores diferentes. Desenha uma linha grossa, com o caminho que queres seguir, muda-o se sentires que vais na direcção errada. Mas se sentires que está certo, continua a redesenhá-lo, se começar a ficar menos nítido, gasto pelo tempo, ultrapassado por um relógio de 24 horas.

Escolhe a tua música, fecha os olhos e dança ao seu ritmo... Não te importes se no início não conseguires dançar, irás encontrar o ritmo, o teu ritmo!

domingo, 20 de novembro de 2011

Funny the little things we remember... / Curioso as pequenas coisas que lembramos

Funny the little things we remember...


Like when I ran in the snow, I think I was five years old. Eveything was white and fluffy and new.


The first kiss, the first touch, eyes closed, eyes open.


Or that picture, I remember exactly what I was thinking when I took it.


And the colourfull chocollatte candy my neighbour used to give me when I was a child.
The time two eyes met, still strangers to each other.


When I balanced myself on a bike, the feeling of the wind running through me.


The taste of those sweets, melting in my fingers, before I can finish eating it. That taste that takes me back in time.


Distant details...yet so close...


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Curioso as pequenas coisas de que nos lembramos...


Como aquela vez que corri na neve, penso que tinha cinco anos. Tudo era branco, macio e novo.


O primeiro beijo, o primeiro toque, olhos que se fecham, olhos que se abrem.


Ou aquela fotografia, lembro-me exactamente do que pensava quando a tirei.


E os chocolates coloridos que a minha vizinha me dava quando era criança.


O momento em que dois olhos se cruzaram, ainda estranhos um para o outro.


Quando me equilibrei numa bicicleta, sentir o vento a passar por mim.


O sabor das bombocas, a derreterem nos meus dedos, antes de conseguir terminá-las. Aquele sabor que me transporta no tempo.


Detalhes distantes... E ainda assim, tão próximos...

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Broken in two / Dividido em dois

My heart is broken in two, split between the will to run with my feet barenaked and the need to just run carefully between the traffic.
Split between the will to laugh like crazy, of all that the world has to offer me. And between the will to stop and remember of all that made me sad.
But the road ahead is not split in two, there are many paths to choose from. 
While I look at the map, I realize my heart is at one piece, afterall.
Sometimes, we have to run carefully avoiding the worst obstacles. There will be times we won't be able to avoid them. Some will leave a scar, others only a slight bruise. But, most important than that, there will be the days when we can run free in an open field, feeling the wet morning grass, beneath our feet.

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O meu coração está partido em dois. Dividido entre a vontade de correr com os meus pés nus e a necessidade de correr cuidadosamente entre o trânsito. 
Dividido entre a vontade de rir como louca, por tudo o que o mundo tem para me oferecer. E entre a vontade de parar de lembrar tudo o que me trouxe tristeza.
Enquanto olho o mapa, percebo que o meu coração está inteiro, afinal.
Por vezes, precisamos correr com cuidado e evitar os piores obstáculos. Haverá momentos em que não o conseguiremos fazer. Alguns deixarão cicatrizes, outros apenas uma leve nódoa negra. Mas, o mais importante, haverá dias em que poderemos correr livres num campo aberto, sentindo a relva molhada debaixo dos nossos pés.

Photo by Elliot Erwitt


domingo, 6 de novembro de 2011

Noite de Bruxas / Halloween Night

Foto: Isa Lisboa

Seguimos no carro por entre as árvores verdejantes, que formam um arco sobre as nossas cabeças, deixando a sensação de estarmos a ser guiados por um roteiro mágico. Ao fundo vislumbra-se por entre a vegetação densa o que parecem ser as torres do castelo de uma princesa de contos de fadas, quase espero que a fada Sininho passe alegremente a fazer as suas travessuras...

Ao longe vejo uma fogueira a crepitar no cimo da serra, mantém-se uma chama viva, apesar de a chuva bater cada vez mais forte. Lembram-me dos rituais que se diz são ainda praticados por aqui... Imagino pós a serem lançados à fogueira, mantendo aquela chama crepitante e tão misteriosa...

Chegámos à aldeia, seguimos agora pelas ruas estreitas, direita, esquerda, em frente, direita. Paramos junto ao velho coreto, imagino-o testemunha silenciosa e paciente de amores e desamores, revoluções e conspirações, danças pagãs e procissões em honra aos santos. Vários carros parados, um lugar vazio, um único, parece que reservado para nós.

Entramos, espera-nos um mestre de cerimónias, vestido a rigor. O seu olhar de imediato me prende os olhos, sinto a vento a fustigar-me as costas, a porta atrás de mim fecha-se com a força do vento.

Dirigimo-nos à mesa, um lobisomem entra furtivamente na sala, enquanto me sento em frente a uma aranha que se passeava pela mesa e que estranhamente parece olhar-me como se fosse uma presa... Por um breve momento, preciso lembrar-me de que é Noite das Bruxas, em que os monstros saem à rua, o único dia em que podem passear-se livremente, sem assustar os mortais...

Trazem-nos a ementa para a noite, o que me distrai das intrigantes sensações que me assaltam desde que cheguei. Como entrada, Salada de Tentáculos de Monstro Marinho, com Óleo de Azeitonas Embruxadas, seguindo-se Peito de Dragão Alado com Frutas dos Duendes embebidas em Poção Mistério. Assim avançamos até à sobremesa, Tarte de Frutos do Bosque Encantado com raspas de Asas de Morcego.

À volta, o lobisomem continua a passear-se, falando descontraidamente com uma vampiresa que parece pronta para voar pela noite em busca não entendo de quê...

Passamos ao pequeno jardim, onde abóboras suspensas no ar - como terão feito este truque - iluminam este espaço onde a noite se adensa. Trazem-nos um cálice, dizem-nos que são lágrimas de feiticeira, néctar muito raro, que temos que provar, pois nunca esqueceremos o sabor daquela bebida exótica. Começo por saborear um pouco, deixando o sabor apoderar-se dos meus lábios, sinto uma mistura de doce com pimenta, que fervilha na pele, convidando a beber mais. Arrisco e sinto que um leve fogo me queima a garganta, e avança pelos meus músculos, sinto como que um vórtice me suga e perco os sentidos...! 

Acordo ouvindo vozes há minha volta, parecendo distantes como se um vidro estivesse entre nós... Abro mais os olhos e vejo que existe, sim, um vidro, à minha volta, redondo, com filigranas de cor rubi... como os do copo de que acabei de beber... Vejo à minha frente a cara do Maître, um gigante...Não, não é gigante, sou eu que estou minúscula, dentro do cálice que me ofereceram. Ainda adormecida de todas estas novas sensações, tento perceber o que se passa,  consigo perceber que não chegarei ao topo, não vislumbro como poderei sair... O Maître diz-me "Não podes sair", como se adivinhasse os meus pensamentos. Começo a recuperar as forças, e bato no vidro, que se passa, onde me levas, responde-me...

Entrega-me noutras mãos e vejo à minha frente aqueles olhos perturbadores que ao início da noite me chamaram a atenção... Ao olhá-lo mais de perto, sinto o corpo adormecer, fico quieta, presa naquele olhar... Bebeste as lágrimas de feiticeira... Quando te vi, sabia que as provarias... Que queres de mim??? Como aconteceu isto...? Pergunto, com um misto de confusão, medo, sensação de que apenas posso estar a sonhar... As lágrimas de feiticeira são poderosas, quem as bebe fica prisioneira de quem serviu o cálice... Porque me queres como tua prisioneira? Os seus olhos não paravam de me fixar, como se estivessem mais fascinados comigo, do que eu estava com tudo aquilo, sentia-me já não com medo, mas como que hipnotizada... 


Não irei fazer-te mal, prendi-te neste cálice porque quero olhar-te, um dia já fui assim, e perdi quem eu fui... Quem tu foste? Já fui humano e com o olhar cheio de esperança como tu, tornei-me numa criatura da noite e não me lembrava de como era antes... Quero levar-te comigo, posso contemplar-te durante horas a fio, será que consegues devolver-me um pouco do que era...?

Fiquei suspensa daquelas palavras, daquele olhar saudoso e que sofria... Não precisas de mim para te lembrares como é ser humano, disse-lhe, se não estivesse ainda dentro de ti, não o terias reconhecido quando me olhaste, eu seria indiferente para ti, apenas mais uma mortal... Sei que te lembras, e sei que também te lembras que não se prende a esperança, porque senão ela morre... 

Tens razão, não posso manter-te aqui... Passou a mão por cima do cálice e de novo um vórtice me puxou, desta vez para fora do copo. Obrigada, disse eu, e sem saber se o devia fazer, peguei-lhe na mão, enorme, com garras, assustadora... Por momentos vi, vi quem tinha sido aquela criatura do imaginário... Vi que foi um homem com sonhos, alegrias e, sim, esperança... Vi como perdeu tudo isso, como se transformou num dos nossos medos mais profundos... 

Senti vontade de ficar ali mais um pouco, apesar de ele me dizer "Estás livre, podes ir embora, ninguém te travará." Fiquei, mais um pouco, lembrei-lhe daquelas pequenas coisas que fazem os humanos felizes, vi um brilho nos olhos dele, ouviu tudo e disse, "Preciso ir-me embora, apenas na Noite das Bruxas podemos estar entre os humanos, a noite está a acabar."

"Posso voltar na próxima Noite da Bruxas?", perguntei. Não esperei pela resposta, "Até daqui a um ano, estarei aqui", e saí, livre, como tinha chegado.

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We’re driving between the green trees, which form a arch over our heads, leaving us with the feeling where’re being guided through a magic path. Further ahead we can see, through the dense vegetation, what appears to be the towers of a fairy tail castle. I almost expect to see Tinker Bell passing by cheerfully, doing her pranks…

Far away I can see a bonfire shining at the top of the hill, maintaining a live flame, even though the rain pounds stronger and stonger. My friends remind me of the rituals which are still practiced around here… I picture dust being thrown to the fire, keeping that crackling and mysterious flame…

We get to the small village, following the narrow streets, right, left, forward, right. We stop by the old bandstand, I imagine it as an old silent and patient witness of love and loss of it, revolutions and conspiracies, pagan dances and corteges in behalf of saints. Many cars are stopped, one empty spot, one only, as if reserved for us.

We go in, a Master of Cerimonies waits for us, dressed up. His eyes immediately strike me, I feel the wind pounding in my back, the door behind me closes with the strength of the wind.

We walk to the table, a werewolf sneaks into the room, while I seat in front of a spider walking through the table, and which strangely seems to look at me as if I were a prey… For a brief moment, I need to remind myself this is Halloween, the monsters go out today, it’s the only day they can walk freely, without scaring the mortals…

They bring the menu for tonight, which distracts me from these intriguing feelings that have since I’ve arrived. As an entry, Tentacles of Sea Monster Salad, bewitched with olive oil. It follows Breast of Winged Dragon with goblin fruits soaked in Mystery Potion. These way we move up to the desert, Pie with Enchanted Fruits, with scrapes of bat wing.

Around, the werewolf keeps walking, talking calmly with a vampire, who seems to be ready to fly through the night searching I’m not sure what for…

We take a walk by the garden, where air suspended pumpkins illuminate this space where the night thickens – I wonder how they did this trick… They bring us a cup, we’re told it is Wizards Tears, a rare néctar, and we must taste it, for we will never forget the flavour of that exotic drink. I start to taste it, I allow that flavour to take over my lips, I feel a mix of sweet and pepper, boiling in my skin, inviting to drink more. I take a chance and I feel a fire burning my throat, moving through my muscles, I feel as if a vortex is pulling me and I loose senses…!

I wake up with voices around me, they seem far away, as if there was a glass between us… I open my eyes and I see that yes, there is a glass, around me, round, with ruby filigree... like the ones in the glass I’ve just drunk from… I see the Maître’s face in front of me, a giant… No, he’s not a giant, I’m the one who’s tiny, inside the cup they’ve offered me. Still half asleep with all this new feelings, I try to understand what is going on, I can see that I won’t reach the top, still not understanding how I will get out… The Maître says “You can’t get out”, as if he guessed my thoughts. My strength is coming back, and I pound the glass, what is going on, where are you taking me, answer me…

I gives me to other hands and I see in front of me those disturbing eyes who caught my attention earlier in the night… Looking at him closer, I feel my body going to sleep, I stay still, caught in those eyes… You drank the Wizards Tears… When I saw you, I knew you would try them… What do you want from me? How did this happen…? I’m asking questions, with confusion, fear, that feeling that I can only be dreaming… Wizards Tears are powerful, the one who drinks them stays a prisoner of the one who served the cup… Why do you want me as your prisioner? His eyes kept firm on me, as if fascinated with me, more than I was with all that, I no longer felt fear, but I felt as if I was hypnotized…

I won’t harm you, I’ve putted you in this cup because I want to look a t you, one day I was like that, and I lost who I was… Who you were? I’ve been human once and with my eyes full of hope like you, I’ve become a creature of the night and I didn’t remembered how it was before… I want to take you with me, I can look at you for hours and hours, can you give me back some of what I was before…?

I was suspended in those words, in those suffering eyes… You don’t need me to remember what it’s like to be human, I told him, if that wasn’t still inside you, you wouldn’t have recognized it when you looked at me, I would be indifferent to you, just another mortal… I know you remember, and I know you remember we cannot lock down hope, because it will die…

You’re right, I can’t keep you here… He moved his hand through the cup and again a vortex pulled me, this time out of the glass. Thank you, I said, and not sure of what I was doing, I grabbed his hand, huge, with claws, scary… For a moment I saw, I saw who that imaginary creature had been once… I saw he was a man with dreams, joy and, yes, hope… I saw how he lost all that, how he became one of our deepest fears…

I felt like staying there for a bit more, even though he told “You’re free, you can go away, no one will stop you.” I’ve stayed, a while more, reminding him of all the little things that make humans happy, I saw his eyes sparkle, he heard everything and he said, “I need to leave, only in Halloween we can be among the humans, the night is almost at it’s end.”

“Can I came back next Halloween?”, I asked. I didn’t wait for the answer, “I will see you a year from now, I will be here”, and I got out, free, the same way I had arrived.






quarta-feira, 19 de outubro de 2011

When was it...? / Quando foi...?

When was it the last time you were happy?

Was it when you saw your name in the office wall?

Was it that weekend off, with a backpack full of nothing on your shoulders?

Was it when you bought a new and faster car?

Was it when you bought the new CD by your favourite singer?

Was it when your bought that first class plane ticket?

Was it when you drove for a few days away from everything?

Was it when you bought the winning ticket?

Was it when a child smilled at you? When an old man told you life was worth it?

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Quando foste feliz pela última vez?

Foi quando viste o teu nome na parede do escritório?

Foi naquele fim de semana fora, com uma mochila cheia de nada às costas?

Foi quando compraste um carro novo e mais rápido?

Foi quando compraste o novo CD do teu cantor favorito?

Foi quando compraste aquele bilhete de avião em primeira classe?

Foi quando partiste de carro, por uns dias, conduzindo para longe de tudo?

Foi quando compraste o bilhete premiado?

Foi quando uma criança sorriu para ti? Quando um homem mais velho te disse que a vida vale a pena?

sábado, 15 de outubro de 2011

Escondido na lua / Hidden on the moon

Nunca mais te vi. Disseram-me que fugiste. Que deixaste tudo, excepto uma pista de porquê e para onde.
Mas aposto que sei. Escondeste-te na lua. À noite procuro-te, imagino-te a olhar as formiguinhas, no seu passinho apressado, obreiras, a cumprir o seu papel na ordem do formigueiro.
Nunca consegui ver-te, queria pelo menos falar-te, telefonar-te, escrever-te, perguntar-te se já és livre, porque foste sem mim, porque não me deixaste um mapa...
Estás a olhar para mim agora, não estás?
E ris-te, das minhas tentativas de cortar na saída errada, de me esquecer das minhas deixas, de me esquecer de quem sou...

Retirado do baú, escrito em 14.10.2006

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I never saw you again. They told me you ran away. That you left everything, except a clue about why and where to.
But I bet I know. You've hidden in the moon. At night I look for you, I can picture you looking at the little ants, in their rushy little steps, workers, fulfilling their role in ther order of the anthill.
I could never see you, I wanted at least talk to you, call you, writte, ask if you are free already, why did you leave without me, why didn't you leave me a map...
You're looking at me right now, aren't you?
And you laugh, at my attempts to exit the wrong way, to forget my lines, to forget who I am...

Written in 14.10.2006
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