Estou no meu carro, a conduzir na auto-estrada. Túnel. Não sei porquê, mas chama-me a atenção o tecto do túnel, noto a simetria crua e simples das imagens que se sucedem. Fim do túnel.
De novo uma estrada à minha frente. Sinto-me invadida por um torpor, que não sei se é sono ou a paz comigo mesma que de repente sinto. Sinto vontade de seguir em frente, mas mudo de direcção maquinalmente, dirijo-me para casa.
Aqui está escuro, preciso de mais luz. Melhor. No rádio continuam a passar as músicas que me transportam para trás, às recordações que tenho e às que não tenho. E dou por mim a não sentir falta das recordações que não tenho, porque agora tenho outras.
Chego a casa, livro-me de tudo e deito-me, sem certezas, mas com respostas, certas ou não, talvez amanhã saiba melhor. Se não for amanhã, não é importante, saberei. Vou apagar a luz e recordar a viagem.
Retirado do baú, escrito em Maio de 2010
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