Quem lê / Who's reading

"a escrita é a minha primeira morada de silêncio" |Al Berto

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Dos invisíveis … / The invisible….

loliness, foto da web


Ainda ontem passei por ela na rua e nem me olhou, ou assim pensava eu.

Hoje bateu-me à porta, entrou sem pedir licença, trouxe frio a um dia quente, escondeu o sol com uma chuva amarga.

Rodeou-me com um abraço que não queria, deitou-se comigo debaixo do cobertor, aproveitando o lugar vazio.

Cansada, adormeci. Com os braços à frente do peito. Para impedir o abraço. Frio. Vazio.

Amanhã quando acordar vou puxar os cobertores e abrir as janelas, as portas. Vou empurrá-las para fora, se preciso for. 

Não passará cá a próxima noite.

******

Yesterday I went by her in the street and she didn’t even look at me, or so I thought.

Today she knocked on my door, came in without askingfor  permission, brought cold to a warm day, hidden the sun with a bitter rain.

She surrounded me with an embrace I didn’t want; lay down with me under the blanket, using the empty space.

Tired, I fell asleep. With my arms around my chest. To stop that embrace. Cold. Empty.

Tomorrow when I wake up I will pull the blankets and open the windows, the doors. I will trough her out, if I have to.


She won’t spend another evening in here.



18 comentários:

  1. Senti a amargura, a dor, a saudade, a solidão intrusa...lindo teu poema

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  2. empurra com força.
    e logo o sol estará por aí e será primavera.
    beijo

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    1. Tenhamos sempre força para empurrar as portas perras...!

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  3. Abre todas as janelas, uma boa corrente de ar leva tudo...
    Bjs

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    1. Embora às vezes seja preciso uma boa corrente de vento... ;)

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  4. A incomodidade dos cobertores e corações aquecidos face ao frio e à solidão dos corpos abandonados.
    Mas os cobertores aqueceram o abandono, mesmo com os braços cruzados em jeito de incómoda defesa.
    As janelas abertas pela manhã arejam os lençóis, mas não vestem os corpos solitários.
    Daí a tristeza e a ambiguidade do poema.De que gostei muito. Beijinho.

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    1. O seu comentário é ele mesmo um poema, que muito bem lê e completa o meu.

      Obrigada, beijinhos

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  5. Olá Isa!
    Uma nostalgia incômoda recheada de saudade pela dor do abandono. Deixe sempre uma portinhola aberta para que a felicidade possa entrar. Bonito poema!
    Obrigada por tua visita carinhosa. Foi uma honra recebê-la em meu cantinho. Beijos de jasmim.

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  6. Bem, muitos vezes, nós que gostamos de escrever, metidos a poetas, escritores, gostamos de deixar obscuro o nosso real intento com determinada escrita. Como se uma parte quiséssemos que todos entendessem e outra, apenas nós. Ficou lindo o que escreveu, parabéns.

    http://lua-lobo-candeia.blogspot.com.br/

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  7. A solidão nuna é boa companhia...
    Belíssimo texto, gostei imenso.
    Isa, tem um bom domingo e uma boa semana.
    Beijo.

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  8. Em boa hora vim aqui retribuir a sua amável visita.
    Um texto intenso e muito bem construído.
    Uma imagem a condizer.

    Beijinho

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  9. Texto bem profundo! Tanta verdade nele contida...

    bj e boa semana

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  10. A insegurança recebe desses visitantes inesperados e ate inconvenientes mas neles vemos tanto de nós que apenas poderemos agradecer ao k aprender nesse tipo único de espelho!

    http://lualibra.blogspot.pt/

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  11. Olá Isa,

    Um texto cheio de mistério e nostalgia...(gostei demais)

    Bjos

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  12. A solidão vestida de tristeza
    Cobre-nos quando não esperamos
    Vem de mansinho, como a noite…

    Gostei imenso, a tua escrita
    Faz-nos reflectir…

    Beijinhos!

    (P.S: desculpa, o atraso nos comentários
    Mas quando vejo, já tu postaste…
    eu posto pouco)

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  13. Isa,
    Do abraço frio, é necessário afastar-se. Nem sempre é fácil, mas a força de vontade permite conseguir!
    Beijinhos!

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