Quem lê / Who's reading

"a escrita é a minha primeira morada de silêncio" |Al Berto

sábado, 8 de dezembro de 2012

Da série Encontros com o Amor / From the series Meetings with Love

Imagem da web

» Reconhecimento / Recognition

Encontrei o Amor na rua. Caminhava casualmente e cruzei-me com ele. Não esperava encontrá-lo, não saí preparada. Tão pouco o reconheci à primeira vista.
Apenas quando me olhou nos olhos, e lhe devolvi o olhar, vi que podia ser, talvez, quem sabe, o Amor.
Fiquei confusa, mas o Amor parecia ter certezas.
Então dei-lhe a mão que me pedia, e lá segui com ele.

***

I found Love walking down the street. He walked casually and I crossed him. I didn’te expected to find him, didn’t came out ready for it. And I didn’t recognize him.
Only when he looked me in the eyes, and looked back, I saw it could be, who knows, Love.
I was confused, but Love seemed to be sure.
So I gave him the hand he asked me, and I followed with him.



» Desejo / Desire

O Amor vestiu a roupa do Desejo, envolveu-me nos seus braços quentes. Era um abraço irresistível, talvez porque não me prendia.
O Desejo usava um perfume que eu não conhecia, ao qual era impossível resistir. Ou pelo menos assim o quero ver, para dar a mim mesma uma desculpa. Uma desculpa para me afogar naquele abraço, uma desculpa para me abandonar ao seu toque, deixá-lo percorrer a minha pele, descobrir a chave para o grito que se afoga na garganta, explodindo violentamente no umbigo.

***

Love dressed himself as Desire, wrapped in hHis warm arms. It was an irresistible embrace, maybe because it didn’t strangle me.

Desire wore a perfume that I did not know to which it was impossible to resist. Or at least so I wanted to see it, to give myself an excuse. An excuse to drown in that embrace, an excuse to abandoned myself to it’s touch, let it go trough my skin, discover the key to the cry drowning in my throat, exploding violently in the navel.



annais_espinas
» Engano / Deceit

O Amor colocou a capa invisível do Engano, não vemos o que não queremos ver. Como se a cegueira fosse um mal escolhido. Ou, talvez, confortável apenas.
Há quem se faça feliz com ele, quem saiba como amar por dois, e se sinta aconchegada debaixo desta capa.
Quanto a mim, depressa fiquei com frio.

***

Love placed the invisible cloak of Deceit, we don’t see what we don’t want to see. As if the blindness was an ill we choose. Or, maybe, just a comfortable one.
Some people are happy to do it, there are those who know how to love by two, and feel snuged beneath that coat.
As for me, I got cold very quickly.




Mi rosa obscura - chenutis
» Presságios / Omens

Quando acordei tinha uma rosa na almofada, assim despertou o Amor. Vermelha, fresca e perfumada.
Como a noite que passara.
As pétalas viriam a ficar com cores menos vívidas, o perfume começaria a dissipar-se, as pétalas começariam a cair.
Também o Amor.
Aos poucos ficaria apenas a memória da rosa, aos poucos, seria apenas mais um vislumbre.
Também o Amor.

***

When I woke up I had a rose on the pillow, and so Love awoke. Red, fresh and fragrant.
As the night that passed.
The petals would get less vivid colours, the perfume would start to fade, the petals would begin to fall.
Also Love.
Gradually only the memory of the rose would stay, would be just one more glimpse.
Also Love.




Rose bud_Gilberto Santa Rosa
» Começo / Begining

Quando conheci o Amor, lembrou-me uma criança – era começo e não precisava de muito para me fazer feliz.
Assim o lembrarei… até que caiam as pétalas.

***

When I met the Love, he reminded me of a child - it was Beginning and he did not need much to make me happy.
This way I remember him ... until my petals fall down.




E assim nestes encontros o Amor me consumiu, e assim o Amor me devolveu o corpo, e assim o Amor me fez de novo inteira. Mulher. Apenas.

***

And so these meetings wit Love consumed me, and so Love gave back my body, and so Love made ​​me whole again. Woman. Only.





15 comentários:

  1. E é tão bom quando o encontramos, ainda que não dure para sempre, é a prova que vivemos.

    Gostei imenso.

    Beijinhos

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  2. gostei de todos os textos, nem sei dizer qual o mais belo.
    Boa semana.
    Um beijo.

    ;)

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  3. E assim nestes encontros o Amor me consumiu, e assim o Amor me devolveu o corpo, e assim o Amor me fez de novo inteira. Mulher. Apenas. - escreveste. E quem escreveu foi a Mulher, ser moldado, como todos nós, pelo amor, ao longo dos encontros e desencontros da vida, num processo alquímico de relacionamento, de aprendizagem, no caminho complexo da vida. Beijinho, querida amiga.

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  4. um amor aluado com as suas fases

    crescente
    cheio
    minguante
    ausente

    bonito o seu texto, Isa


    um abraço

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  5. Que beleza de textos! que bons esses encontros com o amor.
    Bjs

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  6. Assim são as fases do amor.

    Belíssimos contos!

    Beijos.

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  7. Que maravilhoso se descobrir inteira quando o amor acaba.A maioria morre junto...

    Quando disse "O Desejo usava um perfume que eu não conhecia, ao qual era impossível resistir", lembrei-me cá de um acontecido, uma bobagem, mas que me diverte quando lembro...

    Beijos e Feliz Natal para você também.

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  8. Olá Isa Lisboa, vim retribuir a tua visita ao meu blog e já estou a te seguir, gostei de teus escritos. Tenhas uma ótima semana e até a próxima. Beijos!!

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  9. O amor tem fases boas e más, umas vezes anda de costas direitas, outras fica encolhido, mas nunca deixa de ser Amor.
    Muito boa esta sua viagem pelo Amor!

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  10. Belo, Sensível, coberto de linguagem fresca, original aprazível aos sentidos sem enfadar, sem dispersar quem lê tão belas palavras!
    Parabéns!

    XOXO

    Sarah

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  11. muito bem explicado esse tal de estranho-amor

    beijinho

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  12. É assim o amor. Lindos, gostei muito. beijinhos

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  13. Isa minha querida, que lindo texto encontrei aqui no teu blog... O amor tem dessas coisas de construir, destruir e construir diversas coisas dentro de nós, e nós mesmo assim com essas maninas do amor, vamos querer estar sempre envoltos nas magias e magnitudes do amor...

    Beijos mil minha linda

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  14. É no acaso que encontramos rosas
    Mas não é no acaso que a cegueira são pétalas de rosas que
    acabam por findar…deixando os espinhos,
    Com o tempo, apenas as marcas esquecidas.

    Gostei muito do teu texto, tens sempre muita criatividade.

    Beijos

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