Quem lê / Who's reading

"a escrita é a minha primeira morada de silêncio" |Al Berto

sábado, 17 de setembro de 2011

Take 1

 
Abri a pasta das memórias, que se espalham entre o azul e o verde, entre as linhas que me deixaram. Ao lê-las parece que o tempo pára, lembro-me de uma pequena frase, uma simples palavra faz-me lembrar uma situação vivida, uma expressão particular, uma data especial, algo que nos fez rir.
Ao lê-las sinto vontade de voltar atrás. É um lugar comum, como quando dizemos que queríamos voltar à infância. E por vezes queria voltar à infância, à adolescência, à faculdade, como desejarei talvez daqui a uns anos voltar a estar aqui. Onde estou agora. Queria voltar, mas não para ficar. Apenas para uma visita rápida.

Sentada numa cadeira a ver a sequência de imagens. Não mudaria nenhuma dessas cenas, nem as piores. Porque o argumento da vida não pode ser apagado, há medida que o escrevemos as falas sucedem-se, os actores avançam, só há um take. Como no teatro, Não, também não. Não há ensaio antes do directo. Antes de termos tempo de memorizar, já estamos no palco, e no final de cada acto, alguns espectadores já saíram a meio, enquanto outros aplaudem de pé.

Retirado do baú, escrito em 2004

---- Este texto é um excerto de um pequeno desafio que me lançaram e que foi ficando começado, mas sem perder o sentido. Deixo-o aqui, com um obrigado a todos aqueles que me incentivaram a continuar a escrever e também a começar este blog ------

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