Quem lê / Who's reading

"a escrita é a minha primeira morada de silêncio" |Al Berto

sábado, 13 de junho de 2015

A cicatriz marca o lugar

Foto: Vadim Stein

Do Amor
Só guardo cicatrizes
De cortes até à veia,
Algumas poucas.
Superficiais, outras.
Nem cheguei a sentir, não muito. Só uma picada,
Como se fossem anestesia
Para o que viria depois.
Cortes feitos sem pressa,
Estes que olho agora.
Quase com arte, diria.
Sei que foi Amor,
Porque senti a faca
A entranhar-se na pele,
E eu deixei.
Sei que foi Amor
Porque a minha carne
Logo se fechou;
Como se a lâmina
Tivesse também ela bálsamo.
E tinha.
Não era veneno,
Porque eu ainda estou viva,
E a ferida fechou.
A cicatriz marca o lugar.
Crava de novo o meu corpo,
Amor,
Ainda que me firas de novo,
A minha pele sara,
Com teu balsâmico veneno…



Poema originalmente publicado no Blog Tubo de Ensaio - Laboratório das Artes. Podem conhecer este espaço aqui.

2 comentários:

  1. Isa,
    Quando recebemos o amor, é como um todo que o acolhemos...
    Afinal, as rosas também têm espinhos, mas ele não impede o perfume de nos envolver :)
    Adoro os teus versos!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Todos nós temos espinhos e perfumes ;)
      Obrigada, Dulce!

      Eliminar

Um espaço para recortes que completem o álbum de instantâneos... Obrigada pela visita!
A space for clip to complete this snapshot album... Thank you for your visit!

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