Foto da web: butterflywoman_Riannolittlebit |
Deixaste-me entrar, ocupei um lugar no teu coração. Também te deixei entrar, tinha uma
assoalhada apenas para ti. As paredes foram pintadas de fresco.
A janela dava para o jardim. Não precisava de a abrir, bastava-me o teu perfume, que me
envolvia, como se fora ópio.
E do outro lado do jardim, um lago, em tuas margens descansei. As águas eram calmas, e eram revoltas, e não eram nem uma coisa nem outra, e tudo
isto fazia sentido. Logo o percebermos, o (des)sentido de tudo, de nós, de estarmos ali. Percebemo-nos,
desde o dia em que vi aquelas águas reflectidas no fundo dos teus olhos.
Fechámos a porta. Sem a dor de deitar fora a
chave. Custa sempre partir, mas quando sabemos para onde vamos, é mais fácil carregar as malas.
Uma parte de ti continua a viver cá, posso invocar os momentos que
ficaram, ao passar as mãos
pelo cimento da memória.
Uma parte de ti continua cá, mas outra voou de mim. Já não pertencia aqui.
-.-.-.-.-.-.-
You’ve let me in, I’ve occupied a
place in your heart. I also left you in, had a room just for you. The walls were
freshly painted.
The window overlooked the garden.
I didn’t need to open it, your perfume was enough for me, it involved me, as if
it were opium.
And on the other side of the
garden, a lake, in your banks I’ve rested. The waters were calm and they were restless,
and were neither one thing nor the other, and it all made sense.
From the beginning, we realized the (no) sense of all, of us, of being there.
We understood ourselves, since the day I saw those waters reflected in the
depth of your eyes.
We
closed the door. Without the pain of throwing away the key. It’s always hard to
go away, but when we know where we’re going, it's easier to carry the bags.
A
part of you still lives here, I can invoke the moments that were, go through
the concrete memory.
A part of you is still here, but another flew
from me. Did not belong here anymore.
Mesmo com a partida, há momentos que vale a pena recordar.
ResponderEliminarMagnífico texto, gostei muito.
Beijo, querida amiga Isa.
Quando as memórias são boas, a recordação não é sinónimo de dor...
EliminarObrigada pelas palavras, Nilson!
Por vezes mesmos com as mais altas muralhas, tentamos cuidar do nosso reino. Queremos que ele fique sempre invulnerável. Só que á medida da descoberta baixamos as defesas e deixamos entrar o mensageiro. Apreciamos sua forma dócil e meiga de interagir. e quando damos conta, já alteramos tudo a volta... e Feridos voltamos a fazer tudo de novo... Gostei!
ResponderEliminarNenhuma muralha fica de pé para sempre, nem as que construímos para nós mesmos...
EliminarUm quê de nostalgia e simultânea determinação num texto muito belo! Só não sei se é sempre mais fácil carregar as malas quando sabemos para onde vamos. Mas talvez seja!
ResponderEliminarBj amigo
Acho que é mais fácil, sim, Daniel. Pelo menos, a dúvida e a mágoa não fazem parte da bagagem... E essas são algo de muito pesado para levar connosco na mala...
EliminarPor vezes é a unica coisa que nos resta, fechar a porta e carregar as malas, e , conseguimos faze-lo quando percebemos que só assim podemos seguir em frente.
ResponderEliminarÉ uma verdade em muitas áreas da nossa vida - se não em todas!
EliminarBelo texto!
ResponderEliminarBjos
Obrigada!
EliminarPor vezes é preciso partir... e deixar partir...
ResponderEliminarque restem as melhores lembranças.
Bjos
Sim, é o que acho. As boas memórias são de manter, e de preservar.
EliminarBelo texto...Espectacular....
ResponderEliminarCumprimentos
Obrigada, Fernando!
Eliminaràs vezes até sem malas, guardamos muito
ResponderEliminarou tanto
ou uma parte
a outra fica mas também vai
bonito o seu texto
um abraço
Verdade, até porque o que mais importa não precisa ser guardado numa mala...!
EliminarObrigada, Manuela! Beijos
http://palcopiniao.blogspot.pt/search/label/C%C3%82MARA%20MUNICIPAL%20DE%20COIMBRA%20URBANISMO
ResponderEliminarhá partidas
ResponderEliminarhá chegadas
há memórias
há um numero imenso de sentimentos
muito belo
além de comovente
um beij
Entre a chegada e a partida abrigam-se as memórias, e desde que sejam boas, a viagem vale a pena!
EliminarObrigada pela palavras, Piedade!
Beijos
á uma parte que nunca nos pertence,
ResponderEliminardepois há outra eterna, ninguém nos pode tirar a memoria
(baú dos segredos!)
gostei muito.
beijo
Sim, assim como há partes que são apenas nossas, também há aquelas que não nos pertencem...
EliminarObrigada, Maria João!
Quando se fecha uma porta, abre-se sempre uma janela e aí se deixa ao vento as lembranças do sentir. Lindo texto com aroma de saudade. Beijos
ResponderEliminarÉ preciso é não fechar a porta com estrondo! :)
EliminarBeijos, obrigada!
Valeu o durante, certo?
ResponderEliminarMuito bem escrito!
Bjs
Há momentos na vida que valem não tanto pelo seu início ou pelo seu fim, mas mais pelo durante...!
EliminarObrigada, beijos!