Acordei e logo me lembrei do meu céu, fiquei ansiosa por ir à
janela contemplar o belo azul. Ainda estava lá, preparei-me para uma caminhada
pelo mar, o meu outro azul.
Ao guiar, a estrada parecia-me estranha, o alcatrão não parecia
o mesmo, estava firme como sempre, mas parecia já não ter a mesma cor de antes…
Não é que me queixasse, aquele preto de alcatrão não é tão belo como o meu
azul, não me fazia falta.
Chego à praia e lá estava o meu azul, e a sensação da areia nos
pés era também a mesma, mas algo estava diferente.
Volto à estrada, chego à cidade, as ruas, os prédios no mesmo
sítio, acho que até as mesmas pessoas.
Mas lá continuava ainda algo diferente.
Procurei a entrada do edifício que me esperava, continuava azul,
aquietei-me.
Ainda assim, aquela sensação não me abandonava, o dia passou e
ela lá comigo.
Precisava relaxar um pouco, fui de novo até à praia, era hora do
pôr-do-sol.
Cheguei mesmo a tempo.
Sentei-me no meu rochedo favorito e procurei o sol no horizonte.
Mas não distinguia o sol, muito menos o horizonte.
Percebi então o que estava diferente naquele dia. E entendi
também quem tanto defende o amarelo. (*)
(*) Ditado popular: “Se todos gostassem do azul, que seria do
amarelo?”
Foto: Karl Taylor |
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