As palavras surgem como um flash na minha mente. Impressas como se um instantâneo, nascem a preto e branco… Mas quando as releio, ganham cor…!
Quem lê / Who's reading
"a escrita é a minha primeira morada de silêncio" |Al Berto
sábado, 30 de maio de 2015
sábado, 23 de maio de 2015
Tela da vida
Foto: Da série Correspondence, (c) Gaëlle Boissonnard |
Na tela da vida, tudo
está em branco, é promessa, possibilidade.
Numa mão, o pincel,
noutra a paleta de cores.
No processo de encher a
tela, somos tentados a acreditar, acreditamos por vezes, que apenas uma cor nos
é permitida. Mas se assim fosse, porque nos seria dada toda a palete? –
perguntou-se a menina.
Ainda que as formas
desenhadas pelo pincel possam ser diferentes, a menina olhava para as cores e
não concebia pintar a sua história com uma cor apenas.
Poderia escolher o verde
a lembrar a vibração da vida, as folhas das árvores que vestem os ramos que se
estendem até ao alto. Assim como os braços dela procuravam tanto além de si
mesma.
Mas então sentiria falta
do azul, a lembrar o mar e o céu e o encontro dos dois, azuis em dança. A calma
e a borrasca que ambos oferecem, porque como toda a terra, são dois pesos de
uma balança, à procura de equilíbrio.
E como abdicar do calor
do amarelo, lembrando o sol que alimenta e que, numa carícia sobre a pele nos
lembra que somos parte de um todo, feito em pó de estrelas.
E o laranja, da fruta
fresca, olhá-lo lembra tanto o sabor como o aroma.
O rosa? Delicado como a
flor, apesar dos espinhos, não saberia viver sem ele.
Vermelho, não o poderia
deixar de fora, já que até nas veias nos corre…?
Nenhuma das outras cores
da paleta conseguia descartar, nem o branco nem o preto, da luz e da sombra que
em todos nós habitam!
E por isso, no processo
de encher a tela, a menina deixou que o pincel corresse pela paleta e, a cada
pincelada, escolhesse a cor que o coração lhe mandava!
In Meninas Aladas
sábado, 16 de maio de 2015
Caminhos
Foto: Andrea Clare |
Procurei-te
Tempos e tempos
Talvez anos a fio
Nem sinal nem pista
Nada encontrava
Certa
Da tua existência
Jamais capitulei
Pelas estradas segui
Entre pó e alcatrão
O destino era certo.
Um dia senti-me cheia
Alguém te conhecia
Sabia-te ali perto.
Meus pés
Com energia renovada
Correram mais rápido
Que nunca.
Cheguei, perguntei.
Sim, estiveras ali
Desânimo, partiras.
Sentada numa pedra
solitária
Decidia
Se seguia ou atrás
voltava.
Um infante se aproximou
Sentou-se à minha frente
Finalmente chegaste!
Era esperada?
Sim, há muitas luas!
Quem to disse? Porquê sou
esperada?
Disse-mo quem
Caminho te preparou
Esperada porquê?
Partiu ontem
Sem me o dizer!
sábado, 9 de maio de 2015
Storm
sábado, 2 de maio de 2015
Beija-me e cala-me esta dúvida
Beija-me
Cala-me
o coração
Que
não sabe
Se
fuja
Se
bata mais depressa
Beija-me
Cala-me
o calafrio
Que
percorre a espinha
Quando
me olhas
Como
se me tocasses
Beija-me
Cala-me
as mãos
Que
querem percorrer-te
Mas
não sabem se
Beija-me
Cala-me
os lábios
Que
falam
Dúvidas
Que
querem ser caladas.
Beija-me.
Cala-me.
Desenho: Beija-me e cala-me, Carlos Saramago |
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