Quem lê / Who's reading

"a escrita é a minha primeira morada de silêncio" |Al Berto

sábado, 2 de agosto de 2014

Das tuas janelas

Foto: Janelas de Lisboa, Mário Andrade


Do alto das tuas janelas
Oiço o pregão
Que já foi dito
Da fava rica
E da sardinha para o almoço
Ainda as desgarradas
Fados improvisados
Cantados sem pedido.
Ao longe o som do fogo
Que queimou os medos
Em tuas praças.
Medo
Do poder e dos deuses desconhecidos.
Ainda o som da terra a abrir-se
Do novo futuro
Que das trevas havia de nascer.
Sinto o cheiro a canela e pimenta
Misturado com o sal
Na pele dos marinheiros;
E o cheiro metálico
Do sangue que cá e lá
Jorrou.
O sangue de quem paga
A revolução
O progresso
A glória.
Vejo as memórias do paço
Reis e Princípes
Rainhas que vieram
E rainhas que foram
E a História a passear
Na mesma calçada
Onde posso caminhar.
Debruçada de esta mesma janela
De onde te vejo
Te oiço
Te sinto
Te abraço
Lisboa, de hoje e de sempre.


De Lisboa para Basel



7 comentários:

  1. O teu poema cheira a Lisboa.
    O resultado é brilhante.
    Parabéns por mais esta pérola poética.
    Isa, tem um bom fim de semana.
    Beijo.

    ResponderEliminar
  2. Linda poesia! Lisboa a bem amada por todos que a conhecem e a conheceram desde os tempos imemoriais...

    ResponderEliminar
  3. Aqui do Brasil...bom posso dizer que são poucos poetas a retratar um brasil como você faz por ai...existe Tempo para isso inclusive, mas nossa herança é menor ainda....

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  4. Mesmo estando longe dá para sentir a cidade que foi é e será.
    Parabéns!

    (só faltou uma gaivota... :)
    http://tintacompinta.blogspot.pt/2014/08/a-gaivota.html

    ResponderEliminar

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