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"Applause for 'Blast!' at the Kneehigh theatre", by Gordon Plant |
-- II --
Hoje não
houve alternativa. Alberto nunca falhara um dia de palco em toda a sua longa
carreira, mas hoje a sua saúde cedeu, deixou-o de cama.
Já tinha
colocado as roupas coloridas, os enormes sapatos, a cabeleira de caracóis.
Olhou-se novamente ao espelho, apenas mais um pouco de vermelho, para alargar o
sorriso. E, finalmente, o nariz de palhaço! Vendo a sua verdadeira imagem
reflectida no espelho, pensou mais uma vez no Alberto, e em como lhe iria agradecer
esta oportunidade, ao Alberto que nunca ficava doente.
Abriu a
porta do pequeno camarim e enquanto se dirigia ao palco começou a sentir um
nervoso miudinho, diferente do que sentia habitualmente. Não havia o perigo de
deixar cair um dos malabares, mas antes o terrível perigo de que uma criança
não risse.
O mestre de
cerimónias anunciava já o seu número. Fechou os olhos e voltou a abri-los,
perante o mundo com que tanto sonhara.
Durante os
15m da actuação, tropeçou, riu, disse tolices, deu cambalhotas, caiu sobre si
próprio.… O público respondia entusiasticamente, nem precisaria da ovação final,
já tinha recebido risos, não pedia mais nada naquele momento.
Nessa
noite, dormiu feliz.
Acordado
pelo Alberto, recebeu um abraço de parabéns, o Alberto estava já muito melhor.
Voltou ao
seu treino de malabares, não muito concentrado, revia a actuação da noite
anterior, as palmas, como ainda ouvia as palmas.
Horas mais
tarde, o Alberto veio ter consigo, cabisbaixo, tentara convencer o Marco a
deixá-los fazerem dupla, mas ele não acedeu. Não lhe contou os pormenores, mas
ele conseguia quase ouvir a resposta, não havia surpresas. O
palhaço-malabarista abraçou o seu mestre, “Não faz mal, agradeço-lhe esta
oportunidade. Como sempre me disse, eu sou palhaço, malabarista é apenas algo
que sei fazer. É isso que me importa”
O palhaço
saiu da tenda, ainda a tarde começava. Dirigiu-se ao outro lado da cidade. Lá
estava montado um outro circo, um circo que estava a dar os primeiros passos,
mas de que já se começava a ouvir falar. Talvez precisassem de um palhaço que
também estava a começar…! Apenas sentiria falta do Alberto, mas a distância
pode sempre encurtar-se.
*-*-*-*-*-*-*-*-*
Today he had no alternative. Alberto never failed a day's stage
throughout his long career, but now his health gave way, left him in bed.
He had puted on the colourful costumes, the huge shoes, the curly hair.
He looked again at the mirror, just a little more red, to widen the smile. And
finally, the clown nose! Seeing his true image reflected in the mirror, he
thought once again about Alberto, and how he would thank him for this
opportunity, to Alberto, who never got sick.
He opened the door of the small dressing room and as he walked to the stage
he began to feel nervous, but it felt different than usual. There was no danger
of dropping one of the juggling pieces, but the terrible danger that a child didn’t laugh.
The master of ceremonies already announced his number. He closed his
eyes and opened them again, before the world that he dreamed about.
During his 15m performance, he stumbled, laughed and said foolish things, fell upon himself ... The public
responded enthusiastically, no need for the final ovation, he had received
laughs, he didn’t ask for anything else at that time.
That night he slept happy.
Awaken by Alberto, he received a hug of congratulations, Alberto was
already much better.
He returned to his juggling training, not very concentrated, reviewed
the performance of the night before, the applause, oh he still heard the
applause.
Hours later, Alberto came to him, head down, he had tried to convince
Marco to let them double on the show, but he didn’t agree. He didn’t share the
details, but he could almost hear the answer, no surprises. The clown-juggler hugged his master, "It's okay, thank you for this opportunity. As you always
told me, I'm a clown, juggler is just something I can do. That's what’s
important"
The clown came out of the tent, to the afternoon that began. He went to
the other side of town. There sat another circus, a circus that was taking its
first steps, but that was already beginning to be heard of. Maybe they needed a
clown who was also starting...! He would miss the Alberto, but the distance
can always be shortened.
(To read the begining of the story)