Foto: anna bocek art
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Os teus olhos estão
negros hoje
Parecem declamar-te
Como um poema dito
Que escreveste a ti
mesma;
Expões
As páginas do livro
Abertas sobre o
rosto
Não há quem as saiba
ler!
Sentes tu.
Poucos as vêm
Menos as entendem
As palavras escritas
por teu punho
Guardadas aí
No negro dos teus
olhos;
Mas há quem as
tacteie
Como se fossem
Braille
Quem as abrace com
paciência
Até que deixem de
ser grito
E as apanhe
Quando caem lágrima.
Os teus olhos estão
negros hoje
Ao teu lado
Silenciosamente
Alguém espera que
volvam ao mar.
Poema originalmente publicado no Beco de Ideias, aqui.