Quem lê / Who's reading

"a escrita é a minha primeira morada de silêncio" |Al Berto

sábado, 25 de outubro de 2014

Natura

Dimineata in Bunesti - Cluj



Vejo beleza
Pausa por um instante
O Mundo pára






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Corre no campo
Diz-me da liberdade
Liberta sonhos







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O som das águas
Restolhar das árvores
Mundo perfeito




Haikus por 
Isa Lisboa e Sandra Henriques

sábado, 18 de outubro de 2014

Tecedeira

Foto: Christophe Gilbert

Senta-te aqui
Neste tapete que teci
Para ti

A cor dos teus olhos
Foi a que escolhi
Para o detalhe do bordado
Feito por cima
Da linha que prendi
Nos tons do teu cabelo
Assim este manto que estendi
Descansa nele tuas asas.

Vem
Senta-te aqui
Neste tapete que teci
Para ti –
Diz a aranha
À borboleta. 


Poema originalmente publicado aqui, no Beco de Ideias.


sábado, 11 de outubro de 2014

Diálogo



Encontrei-os. Ao silêncio e ao ruído. Podem ambos conviver em mim. Precisam um do outro. Se não se atrapalharem mutuamente, se se entenderem, se se permitirem um ao outro, fazem maravilhas.
Encontrei a dor e a cura. Ela vem sempre que lhe abrimos a porta. Ambas vêm só quando lhes abrimos a porta.
Encontrei o caminho. Basta abrir os olhos e ver. E deixar que os olhos vejam. A coragem para o seguir é o que vem logo depois. E custa muito menos que o primeiro esforço de abrir os olhos. E de deixar a ilusão de que a Felicidade só existe às vezes. E de que não temos lugar.
Há sempre um lugar. Nós somos o lugar. Onde podemos descansar. Ou não. Podemos também correr.
Somos peças de puzzles, mas não precisamos encaixar perfeitamente. Se fosse assim, o puzzle não seria tão belo. E não faria sentido. Não seriam precisas tantas peças.
Por isso como poderemos alguma vez estar desalinhados? 
E porque sei que não, chegou a hora de ir. Não vou embora. Apenas sigo. Não desapareço. Apenas estou. No meu lugar.

Até sempre,

A Desalinhada

sábado, 4 de outubro de 2014

Tenebroso vale - Desafio do Carlos Saramago

Desenho: Carlos Saramago
O Carlos Saramago desafiou-me para escrever um texto sobre este seu trabalho, e o resultado foi este:

~*~

Jardim Tenebroso

Chegada ao fim do caminho, daquele
Minha alma olhou um vale
Onde queria verde:
Um jardim tenebroso!
Local ignorado
Prendeu-a por fio de seda por conhecer
Tocava uma música
Que não sabia escrever
Tantos olhos tinha
E de súbito não via!
Virada de pernas para o ar
Restava-lhe olhar mais fundo
Entender como ali fora.
Embutida de novo fôlego
Poderá talvez içar-se
Em asas coloridas
Acima do caminho
Do que foi
Para que ela seja!

~*~

Para conhecer melhor a obra do Carlos, convido-vos a visitarem o blog e/ou o site dele:






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