Páro no meio da ponte, debruço-me sobre as grades e fico ali, presa na vertigem, no impulso de cair na água gelada. Tão gelada que fará parar o sangue nas veias, ou pô-lo a circular.
E continuo lá, como se o dia me tivesse fundido com o alcatrão. Já não sinto nada. Só o vento, frio, que traz o cheiro das ondas. Que entra pelas narinas, pelos ouvidos, pela boca, até me ensurdecer, até eu ficar cega e muda, e só já sentir o sol a queimar-me a pele, e a brisa, como um bálsamo, a invadir-me os poros, lentamente, e a explodir repentinamente, silenciosamente.
Silêncio, como no início do Mundo, quando os estilhaços se libertaram. Volto à estrada e continuo.
Retirado do baú, escrito em 10.07.06
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