Quem lê / Who's reading

"a escrita é a minha primeira morada de silêncio" |Al Berto

domingo, 29 de novembro de 2015

Solitudes - Neste frio longe de casa

Foto: Banco de Jardim em Londres by lilivanili
Procuro a tua história nos teus cabelos desgrenhados, na barba suja, há tanto tempo por fazer. Nas roupas também já não a encontro, porque também já não são tuas as vestes que envergas e, pelo menos à primeira vista atenta, não te encontro algo que tenhas guardado.
Tenho de olhar-te os olhos, apesar de não o querer fazer, custa-nos sempre encarar quem um dia podíamos ser. Teus olhos dizem-me tristeza, já o sabia, mas uma tristeza diferente, uma tristeza vazia, como o resto que leio em ti.
Será que já foste completo, ou este vazio foi apenas o culminar de uma vida que nunca teve nada a contar? Se já antes viveste, pergunto-me o que te empurrou para os braços desta morte que se enrola no frio de Lisboa, ou de qualquer outra cidade. Esta morte que se alimenta do que há, ou do que lhes traz a bondade alheia.
Imagino que olharás os anjos da noite com o mesmo desprezo que me atiras daí. Perguntando como pode alguém estender-te uma mão, se tu não a tiras debaixo do casaco, a não ser para a aqueceres debaixo da outra.
Alheio aos meus pensamentos – ou não? – fazes o gesto de adormecer, como que a mostrares-me o quanto sou aqui desnecessária…
Sigo então.
E neste frio longe de casa, só oiço os meus passos, num eco desconfortável, pelo interromper do teu silêncio e do meu.
Caminho para casa e tu ficas, o eco irá perder-se, e talvez durmas então.

Isa Lisboa

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Olhos de mar (Poesia a duas canetas)


Foto: Vadin Stein

Em teus olhos
Oiço o marulhar
Ondas que vão e vêm
Deixam marca na areia
Talvez a querer ficar;
Em teus olhos
Sinto o cheiro da maresia
Traz-me as memórias 
De quando era sereia
Adormecida num canto
Acordava em alto-mar;
Em teus olhos
Sinto o sabor do sal
Que se cola à pele
Tempera os sentidos
Doce sal
Em teus olhos viajo
Em teus olhos de mar.

Em teus olhos
Oiço o murmurar
Palavras que vão e vêm
Deixam marca no ar
Talvez a querer ficar
Em teus olhos
Sinto o cheiro da vida
Traz me as memórias
De quando era pescador
Adormecido no destino
Acordava perdido
Em teus olhos
Sinto o sabor do mel
Que acalma a pele
Acorda os sentidos
Doce mel
Em teus olhos voo
Em teus olhos misteriosos.


Olhos de mar, por Isa e Nuno





sábado, 7 de novembro de 2015

Give me back my soul

Arte; Victor Sheleg

Give me back my soul
It wasn’t yours to take
I only promised my love
I cannot breathe
Like this, not myself anymore

Give me back my soul
Without it
My body will be an empty shell
You’ll have no use of it
Nor my soul will be
Any good to you either
You cannot keep it in a bottle,
It will always find a breach
Where to get out from

So please, give it back
If you take it for too long
It won’t find her way back to me
And the woman you once
Pretended to love
Will be just a faint memory

Give me back my soul
She won’t belong to you
We will be both
Alone
Empty
With nothing inside


Isa Lisboa

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