Quem lê / Who's reading

"a escrita é a minha primeira morada de silêncio" |Al Berto

sábado, 29 de março de 2014

Embrulhados

Estão ali embrulhados
Dentro de uma caixa
Fechados sob uma fita
Num laço apertado
Atado por mãos
Que se acharam perfeitas
Um dia;
E noutro
Sucumbiram à realidade
Que lhes foi dada.
Estão ao menos guardados
Não foram por aí
Deixados
Mas fechei-os
Ao fundo de uma gaveta
Para não os ouvir
Eu que tanto gostava
De os escutar
Sentar-me com eles
A conversar
A delirar.
Fechei-os lá, amordaçados.
Não consigo mais,
Ouvi-los.
As mãos tremeram
Ao apertar o laço
Mas não podia mais olhá-los
Assim,
Desfeitos em pó.
Lembrar
De como um dia
Foram promessa…

Foto da web

sábado, 22 de março de 2014

Conversa contigo



E se eu pudesse um dia falar contigo, que te diria?
Será que te avisaria dos buracos na estrada? Será que os evitarias, ou acharias ainda que os podias reparar?
Será que te avisaria que um dia a vida te agarrará pelos pulsos e que vais sentir que é por eles que respiras? E que um dia sentirás que não tens ar, e que te habituarás a isso, por momentos? Por momentos, antes mesmo de gritares mais alto, e de assim voltares a encher os pulmões, agora um pouco lesionados.
Respirar eu sei, dir-me-ias tu, sei expirar e inspirar, no tempo certo.
Mas sem querer, começamos a inspirar, inspirar, inspirar… Como te poderia avisar?
E como te poderia convencer de que tens crenças vãs, menina?
Menina não, cresceste depressa. E não cresceste, és criança, acreditas, não devias. Não és ingénua, apenas acreditas. Chamas-lhe esperança. És bonita, és feliz. Mas és tola. E vais perceber isso. Pensará que o Mundo to tirou. Mas não tirou. Tu é que és tola. Remas, não desistes da outra margem, mas ninguém gosta de navegadores. Só dos que a História recorda.
Por cada remadela que dás, há ventos que se levantam. E tu achas que os podes ultrapassar. Tola. Menina tola.
Tola és tu!, me dirias.
Talvez não te dissesse, tens tempo de crescer o que te falta. E eu quero que tenhas razão. Que a tola seja eu.
Se eu pudesse um dia falar contigo? Que te diria? A ti que eu já fui.

#Monólogos da Desalinhada

Foto da web

quinta-feira, 13 de março de 2014

3 anos e mais uma página em branco, por favor


O aniversário é sempre algo de especial para mim, pois temos a oportunidade de celebrar o nascimento de alguém ou algo. E quando se trata de alguém especial para nós, os motivos para celebrar e estar feliz são ainda maiores.
Hoje é o aniversário dos Instantâneos a preto e branco e por isso, apesar de este espaço ser o meu projecto, venho aqui dar-lhe os Parabéns! E faço-o com a alegria de quem abraça um amigo. Porque este espaço não é só meu, é também de todos quantos me visitam, quantos me deixam comentários e até alguns que me deixam mensagens de incentivo.
Com novos seguidores ainda a surgirem, aqui e no facebook, o Instantâneos a preto e branco veste-se de mais cores que as que imaginei há 3 anos atrás.
Este espaço têm-me oferecido tanto ou mais quanto eu lhe dou.
Eu que sempre guardei a minha escrita em gavetas, descobri aqui novos horizontes, por onde a deixar viajar, sinto-a a crescer, a mudar. Não me atrevo a rotular o sentido da mudança, até porque o que me faz aqui continuar é a descoberta de novos caminhos.
E é por causa desses novos caminhos que o título deste post pede uma folha em branco. Porque espero que me sobre sempre uma, para poder continuar a escrever!

Muito obrigada a todos pelo apoio, pelo incentivo e por me lerem!












sábado, 8 de março de 2014

Broken

Foto: ALAIN LABOILEl

Like a broken mirror
Seven times
Bad luck
Don’t step on me
Barefooted
You will bleed
Too.

I’m a special
Brand
Of glass

Like a wild cat
Nine lifes
To meet the floor
Get up on my claws.

Nine beats seven
I claim two
For my own!

.

Post Scriptum:
No próximo dia 13, celebra-se aniversário por aqui. Passem por cá! 

quarta-feira, 5 de março de 2014

Vento em mim

Foto: Hat Yao Palm_Shawn Allen

Uiva o vento
Na janela do meu ser.
Calmia preciso.


Este haicai foi publicado originalmente aqui, no Blog Pense fora da caixa

sábado, 1 de março de 2014

Cinzel


Se soubesse de que é feita
Procuraria as ferramentas certas
Para te arrancar essa máscara.
Não por mim
Que te vejo transparente,
Mas por ti
Que evitas espelhos
E não sabes onde seres tu.
Talvez seja de mármore
Perfeita como as estátuas dos Deuses
Mas fria ao toque
E para sempre estanque.
Um cinzel.
Aquele que usas para apagar as imperfeições.
Para alterar o ângulo.
Se eu tivesse força suficiente
Talvez o cinzel a partisse. 

Arte: Wiesław Wałkuski


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